5 motivos que impulsionam brasileiros a buscarem emprego no exterior

Uma movimentação silenciosa, mas crescente, tem reconfigurado o mercado de trabalho no Brasil: o desejo de atuar para empresas no exterior. De acordo com uma pesquisa do instituto Ipsos em parceria com a Gi Group Holding, 70% dos profissionais brasileiros têm interesse em viver uma experiência internacional, e 63% cogitam construir suas carreiras fora do país. A tendência acompanha dados da Deel, que apontam um aumento de 53% na contratação de talentos brasileiros por companhias estrangeiras em 2024.

O movimento, que afeta especialmente setores estratégicos como tecnologia e inovação, revela motivações que vão além da conversão cambial. Segundo Eduardo Garay, CEO da TechFX, principal plataforma de câmbio para profissionais que prestam serviços ao exterior, o fenômeno se baseia em uma combinação de fatores estruturais e aspiracionais. “Obviamente que a questão monetária é sim importante, porém as motivações são diversas, passando desde questões culturais até a busca pela qualidade de vida também através do trabalho”, pontua.

Pensando nisso, Garay aponta os principais motivos por trás da decisão de muitos brasileiros de buscar emprego no exterior, mesmo mantendo residência no Brasil. Confira:

1- Questão financeira

Não há como fugir, a estabilidade econômica acaba sendo um atrativo importante. O estudo Brazilian Global Salary, publicado pela TechFX, aponta que trabalhar para empresas internacionais pode representar salários até três vezes maiores do que aqueles pagos no mercado nacional. “Além da valorização do dólar e do euro, que chegaram a ultrapassar R$ 6,00 recentemente, existe uma demanda global por profissionais qualificados, sobretudo na área tecnológica, que pressiona positivamente a remuneração desses talentos”, explica Garay.

2- Flexibilidade

A possibilidade de atuar remotamente para empresas de outros países tem sido uma vantagem estratégica para brasileiros. Em contraste com o Brasil, onde as vagas remotas caíram 24% entre julho de 2023 e julho de 2024, segundo o LinkedIn, empresas estrangeiras seguem oferecendo liberdade geográfica e flexibilidade de horários. Além disso, o fuso também pode favorecer quem busca começar o expediente mais tarde ou terminar mais cedo, dependendo da região de origem da contratante.

3- Qualidade de vida

Reduzir deslocamentos, fugir do trânsito e evitar interrupções fora do expediente têm atraído muitos colaboradores para modelos internacionais de trabalho. Indo mais além, Garay também destaca como a diferente forma com que o emprego é tratado dentro da rotina dos estrangeiros como um ponto de interesse. “Em outros países, há um respeito maior pelo tempo do colaborador. Se ele está de férias ou após o expediente, não será acionado. Isso impacta diretamente na percepção de bem-estar”, observa. Além disso, questões macroeconômicas como inflação e instabilidade política também levam muitos a enxergarem o exterior como um ambiente mais previsível e estável para o desenvolvimento profissional.

4- Cultura de trabalho

Retomando o gancho da percepção do estrangeiro diante do trabalho, o modo diferente como a atividade é encarada fora do Brasil também contribui na decisão. Empresas estrangeiras, segundo o executivo, costumam valorizar muito mais as entregas e resultados, em comparação com o anseio brasileiro pela presença e horas cumpridas. “Um exemplo prático disso são as férias. Enquanto no Brasil o descanso é restrito a 30 dias corridos somente após um ano de organização, em muitos países os dias podem ser distribuídos de forma mais flexível ao longo do ano, o que reflete muito bem a mentalidade diferente sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, explica.

5- Modelo de contratação

Por fim, o formato de contratação em modelo pessoa jurídica (PJ), comum em acordos com empresas internacionais, tem se mostrado vantajoso. O Brasil concede isenção de tributos como PIS, COFINS e ISS, que se aplicam às empresas que exportam serviços. “Na prática, um profissional que paga 27,5% de imposto na CLT pode ter essa carga reduzida para até 5% ao atuar como PJ para uma empresa no exterior”, conclui o CEO da TechFX.

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