O IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, encerrou, com sucesso, sua participação na 30ª edição da Futurecom, maior evento de tecnologia da América Latina., que terminou na última quinta-feira (2) em São Paulo. Do uso de IA (Inteligência Artificial) e IoT (Internet das coisas), além de Blockchain e gêmeos digitais, as pesquisas e avanços apresentados pelos seis cientistas participantes, membros do IEEE, tiveram o mesmo foco: o uso das novas tecnologias a favor da preservação do ambiente e na busca por soluções limpas e cidades inteligentes.
Os cientistas, que atuam em algumas das mais importantes universidades brasileiras (USP, Unicamp, UnB, UFRB, UFRA e UFCG), espalhadas em diferentes regiões do país, ressaltaram que o timing da realização da COP30 no Pará, com todos os olhos do mundo sobre o Brasil, só reforça a necessidade de avançar em estudos, pesquisas e desenvolvimento de soluções que exerçam impacto real sobre a preservação ambiental amazônica.
Os dois pontos altos da presença do IEEE na Futurecom ocorreram no dia 30 de setembro e 1 de outubro, quando apresentações de seis dos mais renomados especialistas do Brasil nas suas respectivas áreas falaram ao público e debateram com colegas. Veja como cada um deles avaliou o sucesso do evento:
- Tereza Carvalho, engenheira, professora da (Poli-USP) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e membro do IEEE – “Avanços do uso de alta tecnologia para alguns plantios na Amazônia já são concretos. A cadeia do cacau-cupuaçu já usa a tecnologia de IoT (Internet das coisas) e IA desde o rastreamento da colheita à produção de chocolate. A gente tem que olhar o aspecto econômico, ambiental e social e não deixar de lado os riscos porque da mesma forma que contribui positivamente, a IA pode contribuir negativamente para 35% das metas de desenvolvimento sustentável da ONU.”
Temas apresentados: aplicações da IoT e do blockchain para monitoramento e rastreamento na proteção da Amazônia e uso dos recursos sustentáveis da maior floresta tropical do mundo.
- Vanessa Schramm, pesquisadora e professora da (UFCG) Universidade Federal de Campina Grande e membro sênior do IEEE – “Abordamos duas megatendências tecnológicas, transformação digital e sustentabilidade, e como os dois conceitos se relacionam, além de exemplos concretos onde essas tecnologias já foram aplicadas para enfrentas desafios globais mantendo o desenvolvimento sustentável.”
Temas apresentados: como a transformação digital pode contribuir para um planeta mais sustentável
- Cristiane Pimentel, pesquisadora, professora da (UFRB) Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e membro sênior do IEEE: “Já existem iniciativas globais, como o gêmeo digital do planeta Terra, desenvolvido com apoio da Nasa, que simulam cenários climáticos e energéticos para orientar políticas públicas. São tecnologias que vão nos ajudar com novas soluções de planejamento urbano e da indústria também e aqui no Brasil vão nos ajudar a prever locais de desmatamento e queimadas na Amazônia”.
Temas apresentados: uso de gêmeos digitais e de IA na prevenção de catástrofes ambientais e no planejamento urbano fornecendo dados cruciais aos gestores públicos
- Gabriel Gomes de Oliveira, engenheiro e professor da Unicamp (professor da Universidade Estadual de Campinas) e membro do IEEE – “Vejo como muito relevante mantermos em mente que também estamos discutindo as sociedades do futuro. As smart cities, a mobilidade urbana e os grandes desafios. É necessário aplicar toda a gama de inovação tecnológica também ao desenvolvimento de formas mais sustentáveis de viver em grandes centros urbanos.”
Temas apresentados: desenvolvimento de ferramentas para a expansão de cidades inteligentes com mobilidade urbana eficiente com uso de IA e análise preditiva
- Otávio Chase, engenheiro e professor da (UFRA) Universidade Federal Rural da Amazônia e membro sênior do IEEE: “Tenho focado em robótica e sistemas sustentáveis de energia na Amazônia e temos visto um aumento de investimento de empresas para instalarem data centers no Brasil. Nesse panorama, a IA demandará um investimento em infraestrutura maior, principalmente em sistemas de energia renovável, já que um simples comando na IA generativa pode demandar até 10 vezes mais watts que uma pesquisa no Google.
Temas apresentados: panorama das fontes energéticas e ambientais no Brasil, consumo energético da IA e seu impacto, e destaque para potencial da energia solar
- Renato Borges, pesquisador, professor da UNB (Universidade de Brasília (UnB) e membro sênior do IEEE: “O grande debate foi como podemos fazer uso de dados provenientes de estações meteorológicas, supercomputadores, IA, para conseguir montar os gêmeos digitais do meio ambiente. É o grande desafio atual. E além disso estamos estabelecendo um olhar cuidadoso sobre biomas chaves do Brasil, como a Amazônia e o Cerrado, para entender como aquele bioma naturalmente processa, se equilibra, como as ações estão impactando a região”.
Temas apresentados: uso de torres de fluxo (que medem trocas de dióxido de carbono na atmosfera) e dados de satélite para validar cientificamente estas práticas sustentáveis
O IEEE aposta na busca por tecnologias limpas ao redor do mundo. Seus mais de 486 mil engenheiros e especialistas, atuando nas mais diversas áreas em diferentes países, têm como uma de suas principais preocupações o desenvolvimento de soluções para um planeta sustentável.
