Além do Click Entrevista – Arthur Bernardes do Amaral, gerente de contas sênior na Axon Enterprise no Brasil

A Axon Enterprises é uma empresa líder em tecnologia de segurança pública, conhecida principalmente pelas famosas armas de choque Taser, ou melhor, pelos dispositivo de mobilização neuromuscular. A própria empresa, aliás, se chamava Taser, mas com suas soluções de segurança indo muito além do que apenas as armas de choque, se tornaram Axon. Hoje a empresa é conhecida por seus equipamentos táticos e soluções de inteligência artificial, fornecendo, inclusive, tecnologia de segurança pública e bodycams para diversas polícias no mundo, incluindo a de São Paulo.

Eu tive a oportunidade de participar de um evento da empresa, onde eles apresentaram e demonstraram, até mesmo na prática, o funcionamento de alguns de seus principais produtos e soluções, com explicações técnicas e novas tecnologias, como Realidade Virtual e inteligência artificial.

Pude conferir de perto as soluções de gestão de evidências, que é o que realmente acrescenta um grande diferencial aos serviços da Axon, e ver de perto como a Inteligência Artificial e outras tecnologias tem sido aplicadas na vigilância por meio de diferentes dispositivos, como a câmera corporal Axon Body 3, modelo, aliás, usado pela polícia militar de São Paulo. Esta bodycam inclui um poderoso chip que detecta o que está acontecendo ao redor e tem a capacidade de gerar alarmes e se conectar a outros dispositivos e soluções da empresa.

@yrcamargo Você conhece a Taser? Bom, sabe o que um taser, né? A Taser era o nome da empresa fabricante das famosas armas de choque, que agora se chama Axon, já que suas soluções de segurança hoje vão muito além do que apenas tasers. Tive a oportunidade de participar de um evento da empresa, onde eles apresentaram e demonstraram na prática, o funcionamento de alguns de seus principais produtos e soluções, com explicações técnicas e novas tecnologias, como Realidade Virtual e inteligência artificial. #Taser #taser7 #taseraxon #axon #axontaser #vigilância #policia #segurança #segurancapublica @axon.enterprise ♬ som original – Yuri Camargo

 

Tive a oportunidade também de bater um papo com Arthur Bernardes do Amaral, gerente de contas sênior na Axon Enterprise no Brasil, onde falamos mais sobre seus serviços e soluções, desenvolvimento de novas tecnologias e a contribuição da Axon para a segurança pública nos mercados onde atua.

Entrevista com Arthur Bernardes do Amaral, gerente de contas sênior na Axon Enterprise no Brasil.

Além do Click Tech: Você poderia começar falando um pouco sobre a empresa Axon e o porquê da mudança de nome de Taser para Axon?

Arthur Bernardes do Amaral: A Axon é a antiga Taser, criada em 1993 como Taser International, foi a criadora original do dispositivo de mobilização neuromuscular. Durante anos esse foi o nosso foco principal, mas há mais ou menos uns seis ou oito anos começamos o desenvolvimento de câmeras corporais. Na verdade, antes disso a Taser começou o desenvolvimento também de sistemas de gestão de evidência, que à princípio só questionavam os logs dos registros de uso do taser, mas com o tempo começaram a captar também os vídeos das câmeras. Desta forma, paulatinamente, começamos a fazer câmeras para viatura e outros produtos, foi quando percebemos que estamos crescido muito além dos tasers originais e, por isso, rebatizamos, digamos assim, o nome corporativo como Axon Enterprise, mas o nome da linha de produto continua Taser.

A Axon Enterprise então é hoje uma empresa que tem a linha Axon Body 3, de câmeras corporais, a linha Axon Fleet de câmeras de viaturas, a Axon Air, um software que controla e converte drones em drones inteligentes, então a gente foi além do produto original e por isso hoje a gente chama Axon Enterprise.

Além do Click Tech: Como é o trabalho de desenvolvimento desses novos produtos e novas tecnologias?

Arthur Bernardes do Amaral: Nós temos um contato constante com as polícias e todas as forças de segurança de vários países do mundo onde estamos presentes, temos escritórios em nove países e atendemos e vendemos diretamente para 100 países, ou seja, são 100 diferentes geografias, mais de 7000 contas de clientes, sempre dando pra gente informações em relação ao que precisam. A gente então capta essas informações e começamos a desenvolver produtos.

Um exemplo é a parte da realidade virtual. O treinamento é essencial e crítico, uma parte central para a atividade policial, pois quanto mais se treina, mais você vai se aperfeiçoar, então a virtualização do treinamento pode ajudar muito a simular situações do dia a dia policial. Claro, existem momentos que são ações táticas, digamos assim, que têm potencial uso da força, mas a grande parte do trabalho da polícia é a interação com a população, como em casos de violência doméstica, uma atenção ao cidadão na rua, uma tentativa de roubo, algo que ele possa intervir, sem usar a força, quando possível, mas através do diálogo, como no salvamento, de um potencial suicida ou algo do tipo, por exemplo. O que nós fizemos então foi pegar esses cenários e colocar dentro da realidade virtual para que o policial possa treinar como atuar nessas situações, que podem chegar a 90% das ocorrências que ele vai encontrar. Então, claro, a realidade virtual contribui muito e vai deixar ele muito mais preparado para que possa atuar e ser bem-sucedido, com a intenção de salvar mais vidas apresentando maior taxa de sucesso.

Isso ocorre com todos os nossos produtos, como as câmeras corporais, que já estão na terceira geração, sendo que tivemos dois protótipos anteriormente, ou seja, já são cinco interações diferentes, algo que a gente faz constantemente, que chamamos de voz do consumidor, que é basicamente perguntar para o usuário o que ele está achando do produto, o que pode melhorar, o produto está atendo suas necessidades, o botão, recurso e funcionalidade implementada está funcionando bem, o botão está bem posicionado, assim, eles vão sugerindo melhorias e nossa equipe capta essas sugestões e ranqueia àquelas que são mais comuns entre diferentes usuários, de forma que seja possível desenvolver aquelas características adicionais com base nesse feedback. Isso faz uma grande diferença, pois quase ninguém tem 7000 clientes no mundo, então, nós temos engenheiros incríveis, mas o mais importante é que temos clientes incríveis. Não adianta ter um engenheiro genial se você não tem a palavra do usuário, nada mais importante que o usuário, porque a gente tenta traduzir isso num produto que reflita o que as pessoas precisam no dia a dia de uso.

Além do Click Tech: E vocês realizam algum tipo de consultoria com clientes ou possíveis clientes para verificar o que eles precisam, o que se adequa às necessidades da empresa?

Arthur Bernardes do Amaral: O que a gente faz são testes gratuitos, períodos de teste de acesso ao produto, chama-se prova de conceito, isso para qualquer órgão ou empresa, privada ou pública, que solicite. Desta forma, são eles quem vão dizer se o produto ou serviço é útil ou não, afinal de contas, ninguém melhor do que a pessoa que está utilizando. Claro que a gente vai instruindo, vai passando a parte técnica, como funciona o produto, mas tem muitas coisas que só o próprio usuário sabe, como suas normas internas, protocolos internos e isso a gente não tem, nem o conhecimento nem a gerência, mas ele tendo o produto na mão, a grande vantagem é que ele sabe antes de fazer a aquisição o que aquilo pode entregar ou não. Então, o que a gente tenta demonstrar é que o papel reflete a prática, que a gente atende, as funções e necessidades e se não atender a gente vai ser transparente e vai dizer também, isso é uma prática nossa, sempre ser transparente com as possibilidades e as limitações de qualquer produto. E, claro, isso acaba gerando mais confiança no cliente, porque sabe que tem transparência nesse processo de comunicação.

Além do Click Tech: Agora, falando um pouco sobre conectividade, como nós vimos, alguns dos equipamentos da Axon contam com tecnologia 4G e Wi-Fi, então eu gostaria de saber o quanto a chegada do 5G pode afetar as soluções de vocês que estão em desenvolvimento, se é que pode afetar de alguma forma.

Arthur Bernardes do Amaral: A Axon está sempre em evolução, assim, hoje temos a Axon Body 3 e já estamos trabalhando na Axon Body 4, que deve ser anunciada em alguns meses. Da perspectiva do live streaming, que é a função do equipamento que necessita de conectividade, a infraestrutura de comunicação 4G em geral é suficiente. Tem uma medida, chamada throughput, que é a quantidade de dados transferidos numa rede, e para a nossa solução 1 Mbps é o suficiente, sendo que o 4G entrega muito mais que isso, então no geral você consegue fazer um live stream de alta qualidade. O que não quer dizer que outros dispositivos que a gente venha a desenvolver, como outros sensores, não possam contar com a possível conectividade 5G, acredito, aliás, que no médio prazo todos devem caminhar nesse sentido, mas no geral, como hoje, com o 4G ainda temos o 3G, no futuro devemos ainda manter o 4G e ter o 5G para aqueles casos em que seja necessário.

Além do Click Tech: Pra terminar, uma dúvida: Existe dentro da Axon uma divisão ou a possibilidade de trazer mais produtos voltados para o consumidor final? Por exemplo, vocês têm todo um sistema de vigilância com câmeras, como as câmeras de veículos que poderiam ser adaptadas, como já é muito usado para veículos de passeio, veículos de transporte de passageiros, taxistas e outros poderiam se beneficiar, então, existe essa possibilidade?

Arthur Bernardes do Amaral: Bom, no caso dos Taser, são produtos controlados, então não é qualquer cidadão que pode simplesmente importar e usar, apenas agentes de segurança pública. Mas no caso das câmeras corporais e de outros sensores, em teoria, podem ser usados universalmente como qualquer câmera. O diferencial que a Axon traz é que não é só uma câmera de vídeo, mas ela tem cadeia de custódia, e nem sempre todos tem essa necessidade. Todo mundo que envolvido no sistema de justiça que tem que ter confirmação e validação de que a evidência captada é a evidência que está armazenada vai precisar, mas, por exemplo, se você tiver uma empresa de transporte, talvez não necessariamente um Uber, não tem necessidade de cadeia de custódia, mas uma empresa de transporte de valores, um carro forte que venha ser talvez abordado, interceptado, algo do tipo, seria extremamente importante que eles tivessem um vídeo com cadeia de custódia para levar isso ao processo, porque vai ser processado na justiça, assim como empresas de logística que operam num cenário onde tenha protestos numa ferrovia, um cenário hipotético, também seria interessante que pudesse ter uma câmera no trem, pra que seja possível captar isso com cadeia de custódia.

Da mesma forma a câmera corporal, qualquer agente que interaja com o público poderia ter uma câmera corporal. Além da polícia, também guarda municipal, agentes do sistema prisional, até mesmo um guarda de shopping, um guarda do supermercado, qualquer pessoa que possa vir a ser exposto a uma guerra de versões. A câmera capta o que aconteceu e vai mostrar a verdade. Isso para os departamentos jurídicos de muitas empresas pode ajudar a mitigar processos contra empresas. Casos de inspeções, por exemplo, uma empresa que possa ter que mostrar que de fato inspecionou um local, que quando foi feita a inspeção não tinha tal rachadura, num caso de acidente.

Além do Click Tech: Em resumo, o mais importante não é o hardware em si, mas a gestão da cadeia de custódia?

Arthur Bernardes do Amaral: Hardware é importante? Claro. Existem câmeras e câmeras, câmeras de baixa qualidade e de alta qualidade, mas a câmera é um ponto de captação, entre outros vários. Pode ser um drone, por exemplo, ou um outro ponto de captação ou sensor, só que isso tudo vai parar num sistema único que pode dizer se aquela captura é real ou não. Isso é o sistema de gestão de evidências digitais, que vai compartilhar, rastrear e dar destino ao armazenamento a essa evidência. Isso, em geral, quando você tem um projeto de grande escala, com muitas câmeras, muitos dados no servidor que você queira colocar agora dentro de um sistema de gestão, é importante que você tenha um sistema robusto que vai definir se alguém pode desqualificar aquela evidência e todo o processo cair ou não. No sistema de justiça, por exemplo, Ministérios Públicos do Brasil inteiro e Tribunais de Justiça no Brasil inteiro, todos eles podem se beneficiar dessa cadeia de gestão de evidências digitais. Um áudio, por exemplo, como você está gravando agora no telefone, o vídeo que a gente compartilha no YouTube, uma foto que você tira, tudo isso é digital, é tudo evidência digital agora, tem muito mais evidência digital do que física atualmente, e como você rastreia isso para que isso tenha validade? Um exemplo simples, uma foto de WhatsApp. Se você tirar uma foto de WhatsApp e mandar, um advogado que tem um pouco mais de conhecimento de tecnologia pode invalidar essa evidência porque ela passou por um aplicativo de mensagens. O que acontece quando passa por um aplicativo? A imagem é comprimida e nessa compressão você alterou a evidência. Então, se você for realmente ao extremo, e a verdade é a base da justiça, a dúvida é se houve ou não compressão, se a imagem foi ou não alterada, assim, se você não tiver essa imagem preservada, você pode tombar um processo inteiro, porque um vídeo ou uma imagem foi compartilhada por um aplicativo de mensagens.


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