Por Wesley Willians, CEO e fundador da Full Cycle
Para se ter uma ideia, um estudo feito pela consultoria Robert Half indica que contratar um desenvolvedor brasileiro pode sair até 40% mais barato para uma empresa estrangeira em comparação com o valor pago a um trabalhador americano de conhecimento equivalente. Dessa forma, os devs brasileiros podem tirar proveito do panorama de mercado para iniciar uma carreira internacional visando não apenas o favorável aspecto financeiro, mas também o seu know-how na área.
É fundamental que o profissional inicie o seu planejamento de internacionalização do currículo a partir de três pilares imprescindíveis: se preparar tecnicamente, se aprontar para as entrevistas – tendo em mente as dificuldades que serão encontradas durante os primeiros processos, e, obviamente, saber inglês.
Aliás, vale trazer um destaque sobre esse último aspecto. Ainda hoje muitos desenvolvedores deixam de participar de processos seletivos de companhias estrangeiras por acreditar que o seu inglês precisa ser perfeito, o que não é verdade. O fato é que o inglês suficiente para conseguir se comunicar normalmente já basta, principalmente para vagas em países em que a língua inglesa não é a nativa.
Por isso, a definição do objetivo é um dos principais pontos a serem executados inicialmente – a escolha e planejamento prévio de quais os tipos de empresas que pretende aplicar faz toda a diferença – seja ela de pequeno, médio ou grande porte. Essa caracterização é importante, pois os processos seletivos de bigtechs são, por exemplo, bem distintos de empresas menores.
Outro ponto que vale ressaltar é que a dinâmica das entrevistas com desenvolvedores seniores pode mudar significativamente em relação a outras posições. Perguntas e desafios podem se inclinar mais em questões ligadas à arquitetura de software, system design e soluções complexas. E, nesse estágio, a capacidade de demonstrar pensamento estratégico e liderança técnica é de suma importância para se destacar e mostrar seus diferenciais entre os concorrentes. Assim, se torna relevante que o dev sênior entenda os aspectos que serão exigidos em seu processo, com o objetivo de se preparar de forma mais assertiva ao desafio que irá encarar.
Estudar fundamentos é extremamente necessário para empresas que exigem testes básicos de algoritmos e estrutura de dados. Nesse sentido, falar sobre as tecnologias de forma mais detalhada e aprofundada demonstra conhecimento e exala maturidade para o cargo. Isso porque, muitos devs acabam sendo rasos na explicação sobre as tecnologias quando o entrevistador quer saber mais, fator que acaba jogando contra o profissional.
Outro ponto fundamental é que o desenvolvedor consiga eliminar alguns receios que são comuns durante esse processo de internacionalização. Um deles é a crença de que precisa ser o melhor dev do mundo para atuar numa empresa estrangeira. Muitas vezes não temos a percepção, mas a verdade é que as companhias do exterior possuem problemas iguais ou até maiores que os nossos. O desenvolvedor que pretende trabalhar fora precisa ter ciência de que nós, brasileiros, temos uma capacidade técnica tão boa, ou até mesmo superior, que desenvolvedores de outros países.
Vale frisar ainda que em qualquer etapa da carreira, ao mencionar uma tecnologia ou metodologia durante entrevistas ou interações profissionais, é vital que o desenvolvedor demonstre o conhecimento genuíno sobre o assunto. Muitos profissionais mencionam habilidades em seus currículos ou em conversas, mas quando pressionados por detalhes, seu conhecimento superficial pode se tornar um obstáculo.
A jornada internacional não exige necessariamente uma mudança física. No entanto, aqueles que buscam experiências presenciais devem estar cientes dos desafios, como a obtenção de vistos e a adaptação a uma nova cultura.
Outro ponto imprescindível é a adaptação do profissional no que diz respeito à cultura corporativa local. Nesse sentido, um dos exemplos clássicos são o recebimento de feedbacks, que tendem a ser mais diretos e até mesmo considerados rudes se avaliarmos sob a ótica brasileira, porém isso não significa que o profissional está fazendo um mau trabalho.
A grande verdade é que o setor de desenvolvimento já está definitivamente globalizado. Desde a pandemia, que, querendo ou não, foi um fator elementar para a internacionalização do segmento, fez com que as empresas do setor se abrissem mais para os profissionais estrangeiros com o objetivo de assegurar a melhor mão de obra possível, seja ela de onde for.
Em um mundo cada vez mais conectado, a busca por oportunidades de trabalho no exterior representa um caminho promissor para os programadores que buscam prosperar em suas carreiras. Ao se aventurar além das fronteiras, esses profissionais podem colher os frutos de uma jornada que promete crescimento, aprendizado e realização profissional em escala global. O desenvolvedor com disposição de enfrentar tais desafios pode ampliar os seus horizontes de uma forma sem precedentes, abrindo espaço para boas recompensas financeiras e conexões a níveis internacionais.
*Wesley Willians é CEO e fundador da Full Cycle e School of Net. O especialista em tecnologia para desenvolvedores é uma das principais referências no setor de educação tech no Brasil. Premiado como um dos 100 líderes em educação pelo “Fórum Global de Educação e Aprendizado”, recentemente foi eleito MVP da Microsoft em Developer Technologies.
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