* Alan Sikora, CTO e fundador da TechFX
A pandemia que acelerou a adoção do home office, abriu portas para que profissionais trabalhassem para companhias de fora, sem sequer precisar sair do país. De acordo com um estudo da Deel, o número de brasileiros atuando em empresas estrangeiras cresceu 46% somente no último ano.
São diversos os fatores que ajudam a explicar tal conjuntura. Considerando a perspectiva do profissional brasileiro, um dos maiores atrativos em buscar oportunidades além da fronteira é a valorização salarial.Trabalhar para companhias de outras nacionalidades muitas vezes significa receber em dólar ou euro, moedas que têm se fortalecido em relação ao real. Somente em 2024, por exemplo, estamos falando de um fortalecimento cambial de aproximadamente 25% de aumento referente ao dólar.
Do lado empresarial, a escassez global de mão de obra qualificada é um dos principais fatores que ajudam a tornar os devs brasileiros atraentes. Além disso, fatores como o fit cultural e comercial e a alta qualidade técnica tornam os desenvolvedores nacionais candidatos muito bem vistos. Vale destacar ainda o fuso-horário brasileiro, que de certa forma, acaba sendo próximo e emparelhado ao dos EUA, facilitando a comunicação entre as equipes e também o contato com eventuais clientes e fornecedores.
No entanto, mesmo com todos esses pontos vantajosos, vale destacar que a busca por uma vaga estrangeira exige o alinhamento de alguns aspectos por parte do profissional. O primeiro desafio é a fluência na língua inglesa. Embora o conhecimento técnico seja essencial e, muitas vezes tratado como suficiente, a habilidade de se comunicar de forma clara e eficiente no idioma, na prática, acaba sendo indispensável. A fluência torna-se essencial para reuniões, interações diárias e até mesmo para demonstrar segurança ao apresentar ideias.
Outra questão crucial é a própria adaptação cultural por parte do desenvolvedor. Ter em mente que existem diversas discrepâncias entre as formas com que diferentes países lidam e tratam com o trabalho é fundamental para alinhar expectativas e evitar problemas. Um exemplo prático disso é que brasileiros tendem a ser mais emocionais e, por vezes, tomam críticas como algo pessoal. Por outro lado, os americanos, em geral, possuem uma abordagem mais pragmática e franca, sabendo separar a esfera profissional do pessoal, inclusive no momento de desaprovações. Compreender e se ajustar a essas diferenciações pode ser o divisor de águas para o sucesso em uma carreira internacional.
Ainda que a jornada seja desafiadora, o momento é extremamente favorável. O mercado internacional está de portas abertas como nunca antes esteve, mas cabe ao profissional dar os passos certos para aproveitar essa oportunidade. Com o preparo adequado, os devs brasileiros têm todas as ferramentas para conquistar seu espaço no mercado global. Afinal, talento e competência o Brasil tem de sobra – só falta estar pronto para apresentar isso ao mundo.
* Alan Sikora é CTO e fundador da TechFX, principal plataforma de câmbio para brasileiros que prestam serviços à empresas do exterior. Com mais de 23 anos de experiência no mercado de tecnologia, sendo mais de uma década em empresas do exterior, o executivo passou por grandes empresas globais como PepsiCo, Unilever, Dicom Transportation Group, Suffolk Construction e Ediphi.
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