ARTIGO | Inteligência financeira: seu escudo contra o caos econômico

*Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da Conta Simples

Na atualidade, o Brasil enfrenta o que analistas chamam de “tempestade perfeita” — quando fatores globais e domésticos se combinam para ampliar os efeitos negativos sobre a economia. A Selic opera a 15% ao ano, o governo confirmou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e os Estados Unidos impuseram uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Trata-se, sem dúvida, de mais um capítulo desafiador para empreendedores e líderes de negócios no país.

Para as startups, por exemplo, o acesso ao capital de risco torna-se mais seletivo justamente no momento em que o custo para manter a infraestrutura tecnológica é reajustado pela variação cambial (com exceção das empresas que estão surfando a onda da Inteligência Artificial, ainda com forte apetite dos investidores). Já para as PMEs (Pequenas e Médias Empresas), o financiamento e o acesso a linhas de crédito ficam mais restritos e com maiores exigências de contrapartida, enquanto a inflação continua exercendo pressão relevante sobre os preços.

A reação natural de muitos gestores para lidar com essa situação, muitas vezes, é a paralisia ou uma busca reativa por liquidez — um capital que está mais caro e restrito justamente pelos mesmos fatores. Já a atitude mais estratégica aponta para outra direção: concentrar energia e recursos naquilo que podemos, de fato, controlar.

Se não dá para alterar a política de juros ou as tarifas de importação, é totalmente possível transformar a maneira como nossa empresa opera para se tornar mais resiliente a elas.

Os alicerces da saúde financeira

Muitas vezes, a crise externa apenas amplifica os gargalos internos. A virada de chave está na área financeira reconhecer que a melhor defesa é organizar o que já está dentro de casa, sem buscar crédito no impulso.

Isso começa com a visibilidade absoluta das finanças. Saber em tempo real para onde vai cada centavo não é mais um diferencial, mas sim a base para qualquer decisão, seja renegociar um contrato com um fornecedor de software americano ou cortar um custo antes que vire um problema.

Outro ponto importante é usar a eficiência operacional ao próprio favor, uma vez que cada processo manual e minuto gasto em conciliação de despesas é uma via por onde a rentabilidade pode escapar. Casos como o da Lemon, empresa do setor de energia limpa, provam que centralizar a gestão financeira e automatizar processos podem economizar duas horas diárias de trabalho da equipe. Esse tempo, que antes era consumido por planilhas e burocracia, agora é reinvestido em análises relevantes, protegendo ativamente a margem de lucro que os fatores externos tentam corroer.

E mais do que nunca, o caixa precisa ser tratado como um recurso estratégico, com projeções realistas, controle diário e atenção redobrada. Em tempos de incerteza externa, a solidez financeira passa menos por crescer a qualquer custo e mais por resistir com inteligência e margem de manobra, inclusive para aproveitar possíveis oportunidades que venham a surgir com a crise.

No mais, é importante seguir atento a essas movimentações. A imprevisibilidade global é uma constante. A capacidade de se adaptar financeiramente a ela, não. Em meio à tempestade, a melhor bússola é a gestão do próprio negócio.

*Rodrigo Tognini é cofundador e CEO da Conta Simples, principal plataforma de gestão de despesas no Brasil. Formado em Administração de Empresas pelo Insper, com especialização em Negócios e Empreendedorismo pela Columbia University, fundou a Conta Simples em 2019 com o propósito de transformar a gestão financeira de pequenas e médias empresas. Tognini sempre esteve envolvido na construção de ecossistemas empreendedores, como a Liga de Empreendedores do Insper. Antes de ingressar no mundo das fintechs, também se dedicou ao esporte, defendendo a seleção brasileira de base no basquete. Sob sua liderança, a Conta Simples foi acelerada pelo Y Combinator e captou mais de R$ 300 milhões, consolidando-se como referência em gestão de despesas para PMEs. Em 2024, passou a integrar a lista da Under 30, da Forbes, que reconhece jovens talentos de até 30 anos que se destacam em diversas áreas, como negócios, tecnologia, esportes, entretenimento e impacto social.

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