*Felipe Rossi, CEO da 4B Digital
Na última década, a computação em nuvem assumiu uma função de motor às inovações tecnológicas, transformando setores e possibilitando novas formas de conectar, armazenar e processar dados. Hoje, estamos diante da fronteira de uma nova era, onde a chamada Edge Computing, ou computação de borda, desponta como uma evolução fundamental da cloud. A tecnologia vem sendo preparada para atender às crescentes demandas de aplicações chaves para o futuro do setor tecnológico, como IoT, 5G e acesso a dados com latência ultra baixa.
Desde o início, a computação em nuvem sempre teve como base uma abordagem centralizada, em que grandes provedores de serviços, como AWS, Microsoft Azure e Google Cloud, ofereciam infraestrutura para armazenar e processar dados remotamente. Tal modelo permitiu que empresas acessassem recursos flexíveis e escaláveis sem a necessidade de grandes investimentos em uma infraestrutura local. Porém, com o avanço de tecnologias mais complexas, como a adoção de dispositivos IoT, desafios de latência e largura de banda exigiram novas tecnologias.
A Edge Computing surge justamente com o objetivo de desempenhar esse trabalho, se apresentando como uma extensão da nuvem que leva a infraestrutura e o processamento de dados para pontos mais próximos do usuário final. Atualmente, ela é considerada essencial para suportar o crescimento de dispositivos conectados, que a IDC estima chegar a mais de 40 bilhões de unidades até 2025. Até por conta dessa alta influência, a Gartner já prevê que, até 2025, 75% dos dados empresariais serão gerados e processados fora dos data centers tradicionais.
Para que esse número se torne real, porém, um dos maiores desafios da Edge Computing é a questão de segurança, já que medidas de defesa precisam ser aplicadas em cada ponto de borda, ampliando a superfície de ataque. Com dispositivos IoT em locais remotos, novos vetores de vulnerabilidade acabam surgindo. A cibersegurança nesse contexto exige soluções distribuídas, com autenticação multifatorial, criptografia de dados em trânsito e repouso, e tecnologias de IA para detectar anomalias de forma autônoma.
Por outro lado, este esforço destinado ao avanço do recurso apresenta vantagens importantes para o mercado. Ao processar dados localmente, por exemplo, a computação de borda reduz a latência e melhora a eficiência da largura de banda ao limitar a transmissão de dados para a nuvem central, reduzindo custos e permitindo que redes enviem apenas dados essenciais. Além disso, a tecnologia oferece ainda escalabilidade e flexibilidade, facilitando a adição de novos pontos de contato conforme a necessidade de dados cresce. Pensando em sua aplicação junto à IA, o recurso permite análises locais rápidas, sem enviar dados para a nuvem, melhorando o tempo de resposta e a possibilidade de ações instantâneas.
Este último ponto, aliás, deverá ser o de maior impacto em um futuro próximo. À medida que a Edge Computing se consolida como parte da estratégia de nuvem, a IA desempenha um papel fundamental, permitindo análises avançadas e automação diretamente na borda. Sendo assim, a possibilidade de decisões em tempo real, sem depender de redes, será algo crucial para setores como manufatura e saúde. Tanto é que a Gartner indica que, até 2025, 50% dos dados de análise de negócios deverão ser processados na borda.
A computação de borda representa uma evolução crucial para o futuro da nuvem. Com a expansão da tecnologia, o cenário corporativo deve avaliar como a implementação de pontos de borda pode potencializar suas operações e abrir novas oportunidades de inovação.
*Felipe Rossi é CEO da 4B Digital, principal fabricante de tecnologia em nuvem do país. Com mais de 15 anos de experiência no mercado, é arquiteto de Cloud e Operações e especialista em Operações escaláveis e Cloud.
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