ARTIGO | O futuro da inteligência artificial

Por Michal Pechoucek, CTO da Avast

A inteligência artificial (IA) dominou as manchetes em 2019, tanto para o bem quanto para o mal. Enquanto a tecnologia trouxe muitos benefícios, também mudou o cenário da segurança cibernética, criando novas ameaças e trazendo novas mudanças sociais que precisam ser abordadas.

Neste artigo, Michal Pechoucek, CTO da Avast, discute algumas das maiores previsões e desafios que a inteligência artificial trará na próxima década.

A corrida armamentista da IA: A corrida armamentista da inteligência artificial está iniciada. É um jogo de gato e rato, que vemos todos os dias em nosso trabalho de inteligência de ameaças. À medida que a nova tecnologia evolui, nossas vidas se tornam mais convenientes, mas os cibercriminosos veem novas oportunidades para atacar os usuários. Seja abusando dos dispositivos invadidos para criar uma botnet ou derrubando sites e importantes infraestruturas de servidores, ficar à frente dos bandidos é a prioridade para os provedores de segurança. A IA aumentou a sofisticação dos ataques, tornando-se cada vez mais imprevisíveis e difíceis de mitigar.

Aumento dos ataques sistemáticos: A IA reduziu o volume de trabalho necessário para realizar um ataque cibernético. Ao contrário do desenvolvimento manual de códigos de malware, esse processo tornou-se automático reduzindo o tempo, esforços e custos relacionados com esses ataques. O resultado: os ataques estão cada vez mais sistemáticos e podem ser realizados em uma escala cada vez maior.

Mudança social e novas normas: O crescimento da inteligência artificial trouxe muitos avanços tecnológicos, mas, a menos que seja cuidadosamente regulamentada, corre o risco de mudar certos aspectos da sociedade. Um excelente exemplo disso é o uso da tecnologia de reconhecimento facial pela polícia e pelas autoridades. São Francisco ganhou as manchetes, quando se tornou a primeira cidade dos EUA a proibir a tecnologia.

Isso foi visto como uma grande vitória – a tecnologia carregava muito mais riscos do que benefícios e questões sobre imprecisão e viés racial. A tecnologia de inteligência artificial não é perfeita. É apenas tão confiável e precisa quanto os dados que a alimenta. À medida que entramos em uma nova década, as empresas de tecnologia e os legisladores precisam trabalhar juntos para garantir que esses desenvolvimentos sejam adequadamente regulamentados e usados com responsabilidade.

Mudando a maneira como olhamos para as informações: Agora estamos na era das notícias falsas e da desinformação. A IA tornou ainda mais fácil criar e espalhar informações enganosas e fraudulentas. Esse problema é exacerbado pelo fato de consumirmos cada vez mais informações nas “Echo-chamber” (que significa “câmara de eco digital”), dificultando o acesso às informações imparciais.

Embora a responsabilidade recaia sobre as empresas de tecnologia que hospedam e compartilham esse conteúdo, a educação em alfabetização de dados se tornará mais importante em 2020, e além. Um foco crescente em ensinar ao público como examinar informações e dados será vital.

Mais parcerias para combater a IA adversária: Para combater a ameaça da IA adversária, esperamos ver mais parcerias entre empresas de tecnologia e instituições acadêmicas. É exatamente por isso que a Avast fez parceria com a Universidade Técnica Tcheca (The Czech Technical University, CTU) em Praga, para avançar com pesquisas na área de inteligência artificial.

Os riscos de ameaças a dados de mais de 400 milhões de dispositivos em todo o mundo foram combinados com o estudo da Universidade Técnica Tcheca sobre ameaças complexas e evasivas, a fim de prevenir e inibir os ataques de cibercriminosos. Os objetivos do laboratório incluem publicar pesquisas avançadas neste campo e aprimorar o mecanismo de detecção de malware da Avast, incluindo os seus algoritmos de detecção baseados em inteligência artificial.

A IA continuará impactando, mudando a tecnologia e a sociedade ao nosso redor. No entanto, apesar das associações negativas, há muito mais ganhos em inteligência artificial do que perdas.

As ferramentas são tão úteis, quanto aqueles que as manejam. A maior prioridade nos próximos anos será a colaboração entre setores e o governo, para usar a inteligência artificial para o bem e proibir aqueles que tentarem abusar dela.

Fonte: Avast


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