Trabalhar para empresas internacionais pode significar salários até três vezes maiores para brasileiro, em comparação com profissionais que atuam no mercado nacional, revela o estudo ‘Brazilian Global Salary’. Realizado pela TechFX, principal plataforma de câmbio para profissionais que prestam serviços ao exterior, o levantamento entrevistou 1.611 brasileiros entre novembro e dezembro do ano passado, dos quais 1.433 trabalham para companhias internacionais.
Segundo o estudo, profissionais brasileiros juniores do setor de tecnologia que trabalham para empresas estrangeiras têm um salário médio de R$ 13 mil, enquanto seus pares no mercado nacional recebem cerca de R$ 4 mil. Para cargos de nível pleno, a diferença é semelhante: uma média salarial de R$ 24 mil para trabalhadores globais contra R$ 7,8 mil para trabalhadores locais. Entre os profissionais de nível sênior, a diferença também é marcante, com salários 2,3 vezes maiores. Aqueles que prestam serviços para o exterior ganham, em média, mais de R$ 35 mil, em comparação com R$ 15 mil recebidos por trabalhadores que prestam serviços para empresas brasileiras.
Na visão de Eduardo Garay, CEO e fundador da TechFX, a diferença de salários ajuda a entender porque o número de contratação de brasileiros por empresas estrangeiras tem crescido tanto. Segundo o último Relatório Global de Contratações Internacionais da Deel, o crescimento anual foi de 46%.
Dentre as justificativas para esse movimento, o especialista aponta para fatores como a valorização das habilidades técnicas, o impacto da demanda global por mão de obra qualificada em setores estratégicos, sobretudo nas áreas de tecnologia, além da alta recente vivenciada pelo dólar, que superou a marca de R$ 6,00. “Os profissionais brasileiros têm se destacado pela capacidade técnica e pela adaptabilidade em desafios globais, o que os torna ativos valiosos para empresas no exterior. Quando combinamos isso com a desvalorização do real, o cenário é de remunerações internacionais muito mais atrativas”, avalia.
A alta sofrida pela moeda norte-americana pode ser percebida ainda no avanço do número de brasileiros atuando remotamente para empresas nos Estados Unidos. Não à toa, ainda segundo o estudo, os EUA lideram com folgas entre os países do exterior que mais contratam brasileiros, representando 85% das oportunidades para aqueles que buscam receber seus salários em moedas fortes. A título de comparação, o posto de segundo país na lista é dividido entre Austrália e Canadá, com apenas 1,85% cada.
Apesar do cenário salarial positivo em comparação ao mercado nacional, o mesmo não pode ser dito ao utilizar como parâmetro os trabalhadores americanos. Ainda segundo o estudo, profissionais nativos dos EUA ganham quase duas vezes mais do que brasileiros para exercer a mesma função no exterior.
Fluência como diferencial
O “Brazilian Global Salary” revelou ainda como a fluência no inglês é um fator determinante em questões relacionadas ao aumento do salário e a progressão de carreira dos profissionais a curto prazo.
De acordo com a pesquisa, avançar no domínio do idioma pode multiplicar o salário em até 2,6 vezes. Isso porque, brasileiros com inglês intermediário que prestam serviços para o exterior têm salários médios de USD 2.901, enquanto os de nível avançado recebem USD 4.845 (67% a mais). Já os fluentes chegam a USD 7.536, um aumento de 55% em relação ao avançado e de impressionantes 160% em relação ao intermediário.
É importante destacar que 84% dos profissionais que trabalham para empresas no exterior possuem inglês avançado ou fluente. ‘Embora fatores como experiência, área de atuação e cargo também influenciam no salário, o domínio do inglês é essencial’, afirma o fundador da TechFX. Segundo ele, brasileiros fluentes no idioma ampliam suas oportunidades de atuação, garantem maior integração em equipes internacionais e se adaptam melhor às demandas globais, abrindo caminho para alcançar novos patamares profissionais e financeiros.