Cinco principais tendências da IA na educação

A opinião de que cada aluno deve ser tratado como único, pois tem seu próprio tempo de aprendizagem é unânime entre professores. No entanto, fornecer atenção individualizada de acordo com ritmo e preferências de cada um representa um grande desafio para docentes e instituições de ensino.

Segundo Bruno Passarelli, especialista no tema e sócio-diretor da Quero IA – divisão da Quero Educação dedicada ao desenvolvimento de soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) -, essa barreira já pode ser superada com o uso de IA. A tecnologia já consegue identificar lacunas de aprendizagem de maneira similar ao que os tutores humanos fazem em cenários um-a-um. “A personalização do ensino, por meio da IA, pode adaptar os materiais, ritmo e modalidades de aprendizado para se adequar às necessidades, habilidades e interesses individuais”, destaca.

E esse aprendizado personalizado, segundo ele, traz ganhos significativos. “Estudos mostram que a instrução individualizada pode melhorar o desempenho dos alunos, como em ‘Two Sigma Problem’ de Benjamin Bloom, 1984, que destaca que a tutoria individualizada eleva o desempenho médio dos alunos ao percentual de 98%”, destaca Passarelli.

O especialista indica que IA pode auxiliar, inclusive, os gestores das instituições de ensino a captar novos alunos, otimizar operações e prever necessidades futuras, como a possibilidade de evasão do estudante. Desta forma, IA pode auxiliar a instituição a ajudar o aluno em sua trajetória de ensino-aprendizagem e a evitar a desistência.

Passarelli elencou os principais usos da IA para a educação. Veja como alunos, professores e instituições de ensino podem se beneficiar desta tecnologia:

1 – Captação e Retenção de Alunos: Com o apoio da inteligência artificial, é possível que instituições de ensino consigam atrair e reter alunos.

2 – Tutores Inteligentes: Instituições de ensino devem optar por sistemas que usam IA para oferecer instrução personalizada, adaptando o conteúdo às necessidades individuais de cada aluno.

3 – Sistemas de Recomendação: Inspirados em algoritmos usados por serviços de streaming e comércio eletrônico, os sistemas educacionais baseados em IA agora podem recomendar recursos, atividades e até mesmo cursos inteiros com base nas preferências, histórico e necessidades de aprendizado dos alunos.

4 – Aprendizado Adaptativo: Plataformas baseadas em IA que se adaptam em tempo real à progressão do aluno estão se tornando cada vez mais comuns. Avaliam o desempenho e ajustam o conteúdo conforme necessário, garantindo que sejam constantemente desafiados no nível apropriado.

5 – Apoio à Linguagem: Ferramentas de tradução e interpretação em tempo real estão permitindo que a sala de aula se torne mais inclusiva, ajudando alunos que falam diferentes línguas a acessar o conteúdo e participar de discussões em tempo real.

Inteligência artificial na sala de aula

Passarelli ressalta que essas tendências, porém, devem ser compreendidas numa visão na qual a IA é uma ferramenta para complementar, potencializar e não substituir o trabalho do professor. “O papel do educador é insubstituível em termos de mentoria, apoio emocional e construção de relacionamentos com os alunos”, afirma.

Uma pesquisa da consultoria McKinsey com 2000 professores dos Estados Unidos, Canadá, Cingapura e Reino Unido sugere que 20 a 40% das horas atuais dos professores – o equivalente a 13 horas por semana – são gastas em atividades que poderiam ser automatizadas usando tecnologia. A área com maior potencial de automação é a preparação das aulas, em que os professores gastam, em média, 11 horas por semana. O uso eficaz da tecnologia poderia reduzir esse tempo para apenas seis horas.

“O que a IA oferece é uma série de ferramentas e recursos que podem tornar o processo educacional mais eficaz, personalizado e adaptável, sempre com o objetivo de complementar e enriquecer o papel vital do professor na jornada de aprendizado”, conclui o sócio-diretor da Quero IA.


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