O Carnaval é uma época de festas e alegria para milhões de brasileiros, mas devido à grande concentração de pessoas pelas ruas, a folia acaba por criar um ambiente propício para roubos de smartphones. Durante a festa de 2020, último ano em que os blocos desfilaram no Carnaval de rua em São Paulo, por exemplo, a média diária do número de roubos e furtos de aparelhos celulares ficou em cerca de 1,7 mil. De acordo com a Polícia Militar de SP, esses crimes representaram 60% de todas as ocorrências registradas na semana do Carnaval.
Como esses aparelhos se tornaram uma extensão da vida das pessoas, perder um smartphone gera prejuízos muito maiores do que apenas o valor do aparelho. Dicas de segurança podem evitar problemas. O diretor-adjunto de Cibersegurança da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), Emílio Nakamura, compartilha algumas orientações de segurança.
Um dos maiores problemas é o roubo da identidade digital do dono do smartphone. Como os criminosos podem ter acesso a um grande volume de informações pessoais, abre-se a possibilidade de cometer outros crimes usando o nome das vítimas. “Estamos em uma era em que os dados pessoais valem muito. E, para os criminosos, esses dados possuem grande valor porque podem ser utilizados em fraudes”, explica Nakamura.
Para os foliões, um grande risco é perder o celular enquanto este estiver desbloqueado. A situação poderia ocorrer durante uma foto ou em algum momento de distração no meio de uma multidão, por exemplo. Com o aparelho destravado, criminosos podem ter acesso facilitado a aplicativos bancários. “Há casos de transferências financeiras, chantagens e, em muitos casos, uso das informações para golpes que vão desde a abertura de contas fraudulentas até tentativas de obtenção de dinheiro com familiares. Há alguns cuidados que devemos tomar, para que os prejuízos e as dores de cabeça diminuam no caso de um incidente com o smartphone”, ressalta Emilio.
Uma das maneiras de minimizar esse tipo de prejuízo é entrar em contato com o banco e pedir uma redução dos limites diários de transações. Além disso, ativar o uso da biometria para acessar os aplicativos instalados (especialmente aqueles de compras online) e instalar algum aplicativo para localizar remotamente o aparelho são medidas recomendadas pelo especialista. É importante também possuir cópias de segurança dos dados, para reduzir os impactos com a perda de arquivos pessoais, e ter alguma ferramenta que permita apagar todo o conteúdo do smartphone de maneira remota.
“De uma forma geral, é proteger o dispositivo e os dados que estão nele, configurar ou instalar aplicativos para a localização e o apagamento remoto dos dados, e criar o backup. Isso possibilita proteger o acesso indevido ao dispositivo e aos dados, localizar o smartphone, apagar os dados remotamente, e recuperar os dados com a restauração do backup”, reforça o especialista da RNP.
É essencial procurar as autoridades e registrar um boletim de ocorrência o mais rapidamente possível. A medida visa garantir que eventuais ações (como pedidos de empréstimo ou grande volume de compras online) não foram realizadas pela vítima, e sim pelo criminoso. Emilio Nakamura pontua que é preciso ainda realizar outras medidas, caso algumas das recomendações de segurança não tenham sido adotadas antes. “Pode ser necessário o bloqueio do número, e do acesso aos variados serviços. É importante, ainda, avisar os contatos mais próximos sobre cuidados com abordagens feitas entre a perda e a recuperação do seu número e dos dados que estão no smartphone”, conclui o diretor da RNP.
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