Muitos pais se preocupam em dar um presente que seja valorizado pelos pequenos e que ainda ajude no seu desenvolvimento. Uma das opções que traz a educação de forma lúdica são jogos e ensinamentos relacionados com educação financeira. Para se ter uma ideia, na classe A, 57% dos brasileiros aprenderam noções de finanças em casa, com familiares, enquanto, na classe C, essa fatia cai para 38%. Lidar com dinheiro torna-se mais fácil quanto mais se tem familiaridade com o assunto, é o que diz uma pesquisa Ibope Inteligência encomendada pelo banco C6 Bank.
Segundo a psicóloga Katyanne Segalla, muitas pessoas acham que a educação financeira é ensinar a guardar, a poupar, e não é apenas isso. “A educação financeira ensina o que vai ser a vida e a fazer escolhas certas. É preciso ensinar para as crianças desde cedo que elas não podem ter uma boneca, um carrinho, um vídeo game ou qualquer outro objeto que desejam naquele determinado momento, é preciso ter dinheiro para realizar uma compra consciente. Além disso, é necessários que elas entendam que se quebrarem o brinquedo, não vão conseguir comprar um igual no mesmo dia. É preciso ensinar a dar valor a cada centavo”, explica.
Para a contadora Ariane Marta, diretora da Brascont Contabilidade, o maior erro dos brasileiros está no medo de encarar as contas de frente e pensar sobre elas. “Muita gente não tem controle ou não sabe o quanto gasta por mês, então não consegue definir sua renda mensal fixa, gastos com refeição, transporte, saúde, aluguel, brinquedos para os filhos, entre outros custos. Para as crianças terem uma educação financeira, o primeiro passo é entender a relação dos pais com o dinheiro e aprenderem juntos a equilibrar as contas. A educação financeira não tem idade, jogos também são uma oportunidade dos pais aprenderem junto com os filhos”, releva.
Abaixo, as especialistas listam algumas dicas de como introduzir a educação financeira tanto para as crianças como para os pais de forma lúdica. Confira:
1 – Ajude a criança a comprar o próprio presente: uma opção é dar uma “semanada” para a criança e ajudá-la a juntar uma parte do dinheiro do presente. “Acredito que mesada fica um tempo muito longo, para criança é mais difícil entender e segurar a frustração. Para nós adultos já é difícil lidar com a mesada, nosso salário, e para a criança é pior ainda, pois o mês é muito longo. Então o bacana é trabalhar com valores combinados semanais, porque a criança vai entendendo, na semana seguinte ela pode se estruturar, aprender coisas novas, em um período mais curto”, aconselha a psicóloga Katyanne Segalla.
2 – Ajude a determinar gastos essenciais e supérfluos: você precisa ou quer? Essa é uma das formas de saber diferenciar o que é um gasto necessário e o que é apenas um gasto supérfluos. Todos precisam se alimentar diariamente, mas isso não significa que a comida deve ser comprada de um restaurante. “Esse questionamento é fundamental tanto entre os pais como com a criança. Sabemos que a quarentena trouxe mudanças até nesse sentido. Por exemplo: antes o gasto com transporte era essencial, agora com a adoção permanente do home office pode ter se tornado supérfluo, outros gastos também podem ter se modificado, como a necessidade de comprar mais botijão de gás, investir em uma estrutura para o trabalho remoto e outros fatores. Além disso, muitas pessoas que não levavam marmita passaram a cozinhar em casa – o que também gera economia”, explica Ariane Marta.
3 – Crie metas para economizar: guardar dinheiro é a principal meta do brasileiro, (49%), pelo segundo ano consecutivo. Outras vontades que dependem de uma organização financeira também estão no ranking da lista, como: fazer uma viagem, (30%), comprar ou reformar a casa, (28%), e tirar as finanças do vermelho (27%), é o que diz dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mas nem sempre essa é uma tarefa fácil, por isso, Ariane Marta aconselha definir planos e desejos – o que ajuda a determinar a quantia de dinheiro que será destinada para esse projeto. “Anote todos seus gastos e veja quanto é possível guardar por mês, a partir disso, defina planos de curto, médio e longo prazo, por exemplo, será guardado 5% para uma poupança de emergência, 10% para a reforma de um cômodo ou até alguma quantia para a compra de uma casa ou um projeto que requer mais planejamento financeiro”, completa a contadora.
Segundo a psicóloga Katyanne, é preciso ter ter educação financeira desde jovem. ”Não aprendemos sobre o tema na família, na escola, na faculdade, saímos profissionais que não sabem como consultar FGTS, que não sabem declarar Imposto de Renda, que não sabem nem o que é esse poupar, como funciona. Então acho legal aprendemos, porque não falamos só sobre dinheiro, mas também uma riqueza na vida”, alerta a especialista.
4 – Acompanhe seu progresso e das crianças e os resultados positivos: saber poupar dinheiro se torna ainda mais fácil quando é possível ver os resultados. “Você e seu filho podem anotar tudo e ver o quanto falta para alcançar a meta desejada. Quando perceberem que estão conseguindo manter uma rotina e organização, isso cria um estímulo e mostra na ponta do lápis os resultados positivos. Por isso, defina um dia do mês para verificar seu progresso. Fazer uma análise de quanto falta para chegar no objetivo também ajuda a ter consciência sobre as finanças e ainda estimula a mantê-las em ordem. Com organização e pequenas estratégias é possível realizar sonhos que dependem do orçamento, com responsabilidade”, finaliza Ariane Marta.
Fonte: Brascont Contabilidade