Em tempos em que as novas gerações já nascem conectadas e cercadas por imagens, sons, mensagens e estímulos que disputam a atenção a todo momento, a escola possui um papel fundamental: auxiliar os estudantes na compreensão, interpretação e transformação do universo de informações em conhecimento e consciência.
Assim, a educação midiática e digital — área de estudo com propostas e pilares presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que tem como principal objetivo tornar os estudantes conscientes quanto aos diferentes tipos de mídias existentes — surge como ferramenta essencial não apenas para promover a leitura, mas também para formar alunos críticos, capazes de interpretar e questionar as informações consumidas.
A gerente pedagógica da plataforma par, Talita Fagundes, destaca que se trata de uma área que propõe o desenvolvimento do olhar crítico sobre as mídias e seus discursos. “Mais do que aprender a usar tecnologias, trata-se de entender o que elas comunicam, como influenciam nossas escolhas e como podemos interagir com elas de forma ética, criativa e responsável”, explica.
Além disso, a especialista defende que formar cidadãos críticos é crucial para fomentar ‘leitores de mundo’ e, hoje, o contexto desse mundo também é lido e conhecido por meio das telas. “A educação midiática se torna um convite a professores e alunos a olharem para as telas como janelas que apresentam uma nova forma de mundo, que reflete também em quem somos neste espaço e no que escolhemos ser”, enfatiza.
Por isso, Talita cita cinco fatores que tornam a educação midiática fundamental na formação dos estudantes em plena era digital. Confira!
- Promove a leitura de mundo — Para a gerente pedagógica, a educação midiática expande o conceito de leitura. “Hoje, a leitura também deve ser feita por meio de imagens, vídeos, memes e narrativas digitais. Ao interpretar esses discursos, os estudantes passam a perceber intenções, contextos e valores que estão introduzidos nas mensagens”, explica;
- A escola se torna espaço de resistência à desinformação — Buscar o compromisso com o senso de verdade e ética com a informação é necessária, uma vez que as fake news e conteúdos manipulados desafiam não somente a imprensa, mas a própria área da educação. De acordo com Talita, trabalhar com educação midiática é ensinar os alunos na investigação, comparação de fontes e busca de evidências;
- Incentiva a criação de estudantes produtores de conteúdo — A partir do momento em que compreendem o funcionamento das mídias, os alunos deixam de ser meros receptores e passam a ser agentes de criação de conteúdo de forma consciente. Projetos colaborativos transformam a sala de aula em espaço vivo de reflexão, produção. Assim, a aprendizagem ganha propósito, com a criação de vídeos, podcasts, textos e campanhas digitais que ajudam desenvolver autonomia, expressão e criatividade dos alunos;
- Fortalece a cidadania digital com ética e empatia —O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) reforça que a cidadania digital é um direito, mas também uma responsabilidade compartilhada. Por isso, segundo a especialista, é preciso agir com compromisso no ambiente digital, e a educação midiática ensina que cada curtida, comentário e compartilhamento possui impacto;
- Transforma a tecnologia em propósito pedagógico —Em plena era digital, com tantas ferramentas e informações disponíveis, o papel do professor é o de mediador. Assim, é necessário entender que a tecnologia por si só não é o suficiente nos espaços escolares, é preciso dar sentido e intencionalidade ao seu uso. Dessa forma, quando a educação midiática é integrada ao currículo, as mídias deixam de ser distração e se tornam linguagem, ferramenta e conteúdo de aprendizagem.

