DREX: a moeda digital que pode revolucionar o sistema financeiro brasileiro e o que isso significa para você

O Banco Central do Brasil (BC) anunciou recentemente o lançamento do DREX, a primeira moeda digital do país. A moeda será baseada na tecnologia blockchain e deve ser lançada em 2024. Até então conhecido como Real Digital, foi batizado oficialmente no dia 07 de agosto 08 pelo Banco Central com o nome de DREX, que significa Digital Real Eletrônico, enquanto o X remete a Transações, Modernidade, Conexão e também é a letra em comum com o PIX.

LiveBC #10 - O que muda para mim com o Drex?

O DREX será uma moeda digital de curso legal, ou seja, será aceita como forma de pagamento em todo o território nacional. Ela será regulamentada pelo BC e estará sujeita às mesmas regras que as outras moedas correntes do país, como o real. A moeda será emitida pelo BC e será distribuída por instituições financeiras autorizadas pelo BC. Os usuários poderão comprar, vender e transferir o DREX livremente, através de plataformas digitais.

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DREX significa Digital Real Eletrônico, enquanto o X remete a Transações, Modernidade, Conexão e também é a letra em comum com o PIX

“O Drex vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que fazemos hoje”, explica Maurício Moura, diretor de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta do Banco Central.

Como funcionará o DREX?

O DREX será uma moeda digital baseada na tecnologia blockchain. O blockchain é uma tecnologia que permite a realização de transações de forma segura e transparente. As transações com o DREX serão registradas em um banco de dados descentralizado, o que significa que elas não serão controladas por nenhum banco ou governo. Isso tornará as transações mais seguras e transparentes, e também tornará mais difícil a falsificação ou adulteração do DREX.

Mareska Tiveron, Sócia de Viseu Advogados
Mareska Tiveron, Sócia de Viseu Advogados

Mareska Tiveron, Sócia de Viseu Advogados, responsável pela área de Fintechs e Direito Bancário, explica que o DREX pode ser explicado como o “Real em plataforma digital” e faz parte da continuidade da agenda de criação de soluções pelo próprio Banco Central, que iniciou com o pagamento instantâneo, o PIX. Enquanto o PIX obedece a limites de segurança e é usado, na maior parte das vezes, para transações comerciais, o Drex poderá ser usado para comprar imóveis, veículos e até títulos públicos.

A especialista explica ainda que a diferença entre o DREX e os valores que transacionamos e identificamos nos dias de hoje, rotineiramente, por exemplo, no aplicativo do banco, é que “todas as transações financeiras que fazemos hoje eletronicamente é necessariamente uma “representação digital” do mesmo valor do Real, que, portanto, também existe em sua forma de moeda física, enquanto com o DREX não haverá a contrapartida da emissão física do Real (cédulas) e sim a própria emissão do DREX feita eletronicamente desde sua origem (podendo ou não ser trocado por cédulas)”.

O DREX será emitido pelo Banco Central do Brasil e será distribuído por instituições financeiras autorizadas pelo BC. Os usuários poderão comprar, vender e transferir o DREX livremente, através de plataformas digitais.
O DREX será emitido pelo Banco Central do Brasil e será distribuído por instituições financeiras autorizadas pelo BC. Os usuários poderão comprar, vender e transferir o DREX livremente, através de plataformas digitais.

Diferentemente das criptomoedas, como o Bitcoin, cuja cotação é atrelada à demanda e à oferta e pode apresentar volatilidade, o Drex terá o exato valor do Real. Portanto, cada 1 Drex valerá R$ 1, sendo o Drex emitido pelo Banco Central, enquanto as criptomoedas são ativos digitais descentralizados, emitidas de forma independente de órgãos reguladores.

Mareska Tiveron dá ainda um exemplo para o uso do Drex: “Imagine a compra de um carro entre duas pessoas. Nessa situação, é formalizado o contrato inteligente (“smart contract”) que são contratos feitos em linguagem de programação e executados automaticamente entre duas entidades. Assim, tudo é feito simultaneamente com o uso do Drex, evitando a discussão do que será entregue primeiro — o carro? (o vendedor transfere inicialmente a documentação do veículo para o nome do comprador) ou o dinheiro? (o comprador deve transferir, antes, a quantia acordada para a conta do vendedor?)”. Tudo acontecerá sistêmica e simultaneamente, com uma camada a mais de segurança, já que o DREX usará tecnologia blockchain e passará por diversos testes (entre eles, de estabilidade e proteção dos dados contra ataques e interferência de terceiros) antes de chegar ao público, no fim de 2024.

Smart contracts são programas que rodam de forma segura em redes de tecnologia de registros distribuídos (DLT, do inglês Distributed Ledger Tecnology)
Smart contracts são programas que rodam de forma segura em redes de tecnologia de registros distribuídos (DLT, do inglês Distributed Ledger Tecnology)

Tecnologias de registros distribuídos (DLT, do inglês Distributed Ledger Tecnology), similares à blockchain, permitem a automação de transações financeiras empregando smart contracts, que nada mais são do que programas que rodam de forma segura em redes DLT. A atual fase de testes do Drex está sendo desenvolvida em Hyperledger Besu, que é uma DLT que incorpora smart contracts. Assim, a programabilidade através de smart contracts é uma parte fundamental da plataforma do Drex.

Fulvio Xavier, Executivo de Serviços Financeiros Digitais da Capgemini comenta que “muitos processos que hoje são caros e complexos como compra e venda de veículos e imóveis, mercado secundário de títulos financeiros e outras mecânicas, ficarão mais seguras e praticamente instantâneas” com a possibilidade de uso do DREX.

O DREX será emitido pelo Banco Central do Brasil e será distribuído por instituições financeiras autorizadas pelo BC. Os usuários poderão comprar, vender e transferir o DREX livremente, através de plataformas digitais.

Confira também: A Revolução dos Criptoativos: Entrevista com Fulvio Xavier da Capgemini Brasil

Importância do DREX para a economia brasileira

O DREX tem o potencial de trazer uma série de benefícios para a economia brasileira, como:

  • Redução de custos de transação: as transações com o DREX serão mais baratas do que as transações com dinheiro em espécie ou com cartões de crédito. Isso ocorre porque o DREX não exige o uso de intermediários financeiros, como bancos ou cartões de crédito.
  • Maior eficiência: o DREX pode tornar os sistemas financeiros mais eficientes, permitindo transações mais rápidas e seguras. Isso ocorre porque as transações com o DREX são registradas em um banco de dados descentralizado, o que as torna mais rápidas e seguras.
  • Inclusão financeira: o DREX pode ajudar a incluir financeiramente as pessoas que não têm acesso a serviços bancários tradicionais. Isso ocorre porque o DREX pode ser usado para realizar transações online, sem a necessidade de uma conta bancária.
Para Fulvio Xavier, Executivo de Serviços Financeiros Digitais da Capgemini, "uma vez emitida, a moeda digital vai ter a capacidade de interagir com contratos inteligentes, sendo possível pagamento e transferências de outros ativos digitais de forma atômica"
Para Fulvio Xavier, Executivo de Serviços Financeiros Digitais da Capgemini, “uma vez emitida, a moeda digital vai ter a capacidade de interagir com contratos inteligentes, sendo possível pagamento e transferências de outros ativos digitais de forma atômica”

De acordo com Fulvio Xavier “existem muitas linhas de análise quando falamos em uma CBDC, mas baseado no momento do piloto e testes , os primeiros benefícios serão percebidos nas camadas de transação. Uma vez emitida, a moeda digital vai ter a capacidade de interagir com contratos inteligentes, sendo possível pagamento e transferências de outros ativos digitais de forma atômica, ou seja, o pagamento e interações necessárias, como a transferência de titularidade, são feitas diretamente na rede de forma quase instantânea respeitando as regras dos contratos inteligentes com a garantia de segurança das instituições reguladas”. O especialista comenta ainda que “a programabilidade de uma moeda traz efeitos poderosos como a diminuição de intermediários, custos de transação e tempo”.

Além disso, o DREX pode ajudar a promover a inovação e o crescimento econômico. Por exemplo, o DREX pode ser usado para facilitar a transferência de dinheiro entre empresas e indivíduos, o que pode ajudar a impulsionar o comércio e a investimento. O DREX também pode ser usado para criar novos produtos e serviços financeiros, o que pode ajudar a criar novos empregos e estimular a economia.

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Para Victor Jorge, professor do MBA in company da FGV e sócio do escritório Jorge Advogados, “a criação do DREX, tecnicamente definido como CBDC (Central Bank Digital Currency) que é uma moeda digital emitida por um Banco Central, é um primeiro passo importante na digitalização da economia brasileira. A entrada em vigor do token vem justamente para servir de alternativa ao Real em papel. Importante esclarecer que o token DREX será lastreado na moeda corrente nacional e terá exatamente o mesmo valor que o Real e, portanto, não estará sujeito a grandes oscilações como os criptoativos que não são pareados em em alguma moeda dominante com Dólar, Real etc “.

No geral, o DREX tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para a economia brasileira. Ele pode ajudar a reduzir custos, aumentar a eficiência, promover a inclusão financeira e estimular o crescimento econômico.

Mas não há riscos?

Apesar dos potenciais benefícios do DREX, existem sim possíveis riscos associados à moeda digital. Esses riscos incluem:

  • Ataques cibernéticos: Como qualquer moeda digital, o DREX é armazenado em computadores e, portanto, é vulnerável a ataques cibernéticos. No entanto, o Banco Central do Brasil está trabalhando para reduzir esses riscos e garantir a segurança do DREX.
  • Volatilidade: O valor do DREX será atrelado ao real, mas ainda pode ser volátil. Isso ocorre porque o valor do real também pode ser volátil. No entanto, a volatilidade do DREX deve ser menor do que a volatilidade de outras moedas digitais, pois o DREX será emitido e regulado pelo Banco Central do Brasil.

Apesar desses riscos, o DREX tem o potencial de ser uma moeda digital segura e eficiente. O Banco Central do Brasil está trabalhando para reduzir os riscos associados ao DREX e garantir que a moeda seja segura para os usuários.

DREX: o futuro do dinheiro no Brasil

O DREX é uma moeda digital que tem o potencial de revolucionar o sistema financeiro brasileiro. Ela pode trazer uma série de benefícios para a economia, como redução de custos de transação, maior eficiência e inclusão financeira. No entanto, como toda novidade, principalmente no setor financeiro, pode trazer riscos associados, sendo os de cibersegurança os mais preocupantes.

De acordo com Fulvio Xavier, “um país menos burocrático e um dinheiro mais fluído e menos fricções na cadeia certamente trarão benefícios diretos para a população conforme mais ativos sejam transacionados usando DREX”.
De acordo com Fulvio Xavier, “um país menos burocrático e um dinheiro mais fluído e menos fricções na cadeia certamente trarão benefícios diretos para a população conforme mais ativos sejam transacionados usando DREX”.

O Banco Central do Brasil está trabalhando para reduzir esses riscos e garantir a segurança e a eficiência do DREX, no entanto, ainda é cedo para dizer se o DREX será bem-sucedido. A moeda ainda está em desenvolvimento e só o tempo dirá se ela será adotada pela população brasileira.

O lançamento do DREX é um passo importante para a evolução do sistema financeiro brasileiro, como concluí o especialista Fulvio Xavier, “um país menos burocrático e um dinheiro mais fluído e menos fricções na cadeia certamente trarão benefícios diretos para a população conforme mais ativos sejam transacionados usando DREX”.

O DREX ainda está em desenvolvimento, mas tem o potencial de mudar a maneira como pensamos sobre dinheiro e revolucionar o sistema financeiro brasileiro, tornando as transações mais baratas, eficientes e é um passo importante para a inclusão financeira. Essa moeda pode ajudar a tornar os serviços financeiros mais acessíveis e eficientes para todos os brasileiros. No entanto, ainda é cedo para dizer o que o futuro reserva para essa moeda, mas será interessante acompanhar o desenvolvimento dessa moeda e ver como ela impactará o sistema financeiro brasileiro.


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