O cartão de crédito é uma das principais modalidades de pagamento usadas pelos consumidores em todo o mundo e, no Brasil, já são quase 52 milhões de usuários, segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção de Crédito (SPC Brasil) e pelo Portal Meu Bolso Feliz.
Já de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), as pessoas vêm gastando mais por cartões. Os pagamentos por aproximação, compras pela internet também vêm aumentando. No ano passado, a quantia transacionada via cartões chegou a R$ 2,65 trilhões. Isso representa um aumento de 33,1%.
Por meio do cartão de crédito, houve a movimentação de R$ 1,6 trilhão no período — equivalente a uma elevação de 36,6%. No cartão de débito, o valor transacionado foi de R$ 916,3 bilhões, crescimento de 20,2%. Já no cartão pré-pago, o número atingiu R$ 117,1 bilhões, alta de R$ 158,5%.
O Brasil é o país com maior número de usuários de cartões na América Latina. Somando os cartões de crédito e débito, são mais de 513 milhões de unidades em circulação no país. Mas, quantos usuários ainda não sabem, por exemplo, como funciona o limite do cartão de crédito, mesmo usando esse meio de pagamento diariamente?
Gustavo Salione, diretor de risco e operações da FortBrasil, fintech em atividade no setor de cartões de crédito, explica que o limite do cartão de crédito é um valor que o emissor te permite utilizar em compras usando este meio de pagamento. Ele é definido, basicamente, por dois fatores: seu perfil de bom pagador (ou seja, quem paga em dia pode ter um limite maior) e seus hábitos de consumo.
Este limite sobre o valor total de gastos pode funcionar, basicamente, de duas maneiras. O primeiro é como um valor mensal, que se encerra com o pagamento da fatura. Se você tem um limite de R$ 2 mil mensais, por exemplo, e fez uma compra de R$ 700, seu limite disponível ficará em R$ 1.300 até o fechamento da fatura. Para que seu limite volte aos R$ 2 mil no próximo mês, é preciso que você pague o boleto.
O segundo é como um valor total. Nesse caso, se você tem um limite de R$ 2 mil, mas faz uma compra de R$ 2 mil dividida em 10 parcelas de R$ 200, seu limite já está totalmente consumido. Dessa forma, no próximo mês, quando você pagar a próxima parcela da compra, vai liberar apenas R$ 200 como limite para a próxima fatura. Assim, seu limite de R$ 2 mil só será restabelecido depois que você pagar todas as parcelas dessa compra.
Como aumentar o limite do cartão de crédito?
Salione explica que muitas pessoas têm dificuldade em aumentar o limite do cartão de crédito, mas dá dicas práticas para elas conseguirem efetividade na solicitação.
1 – Pagar as faturas sempre em dia
Para aumentar o limite do cartão de crédito, não deixe de pagar as suas faturas sempre em dia. Isso também vai ajudar você evitar a incidência de juros por atraso, o chamado crédito rotativo.
Em suma, podemos dizer que os emissores facilitam o aumento de crédito para as pessoas consideradas “boas pagadoras”. E decerto dificultam para quem não paga as contas em dia. O histórico de pagamentos é incorporado nos modelos de crédito para a concessão de novos empréstimos, bem como no reajuste dos limites já contratados.
É claro que vez ou outra você pode “se apertar” e ter que recorrer ao crédito rotativo. Porém, isso não pode virar rotina. Até mesmo porque acaba gerando uma “bola de neve” e você poderá ter dificuldades para quitar as suas dívidas. Nestes casos, recomenda-se parcelar a fatura do cartão, quebrando em parcelas menores que caibam dentro do seu bolso.
2. Definir um valor dentro da realidade para a operadora
Vamos voltar ao exemplo citado no primeiro tópico, da pessoa que ganha um salário de R$ 1 mil reais por mês. Nesse caso, dificilmente a operadora do cartão dará um limite de R$ 10 mil, por exemplo.
Isso se justifica porque o valor pedido é muito maior do que o usuário tem condições de pagar. Logo, considera-se arriscado dar um limite tão alto e o cliente acabar não pagando a dívida.
O ideal, portanto, ao solicitar aumento de limite, é pedir valores que estejam dentro da sua realidade e que você possa pagar com o seu salário ou rendimento mensal.
3. Concentrar as despesas no cartão de crédito
Quanto mais você gastar com o seu cartão de crédito, mais a emissora do cartão verá que você tem condições de pagar uma fatura maior. É por isso que é uma boa prática concentrar as suas despesas no cartão de crédito, desde que dentro da sua capacidade de pagamento na ocasião do vencimento da fatura
Sempre que for fazer alguma compra no supermercado, na farmácia, na papelaria, na loja de roupas ou em qualquer estabelecimento comercial, considere pagar com seu cartão de crédito.
Isso fará com que os modelos estatísticos da administradora percebam que o seu limite está descalibrado para o seu perfil de consumo. De tal modo, não estranhe se eles mesmo lhe propuserem um aumento, sem nem mesmo que você peça por isso.
4. Ter uma boa pontuação no score de crédito
Gustavo explica que o score de crédito é um sistema que calcula a probabilidade que um cliente tem de pagar ou não as suas dívidas.
Os emissores de cartão de crédito analisam esse nível de risco antes de liberar mais crédito para os seus clientes.
Essa pontuação é gerada de acordo com o comportamento de compra do consumidor. Se você pagar as suas contas sempre em dia, aos poucos, aumentará o seu score, por exemplo.
Ter contas de consumo (como de água, telefone, internet e energia elétrica) no seu nome também ajuda a fazer com que o score de crédito aumente.
Por isso, se você mora em uma casa alugada, por exemplo, convém que esses serviços estejam em seu nome e não no do proprietário do imóvel.
5. Incluir CPF em notas fiscais
Sabe quando você vai ao supermercado ou em qualquer estabelecimento comercial e o operador de caixa pede: “você gostaria do CPF na nota?”. Nesses casos, sempre responda que sim e informe o seu CPF.
Isso fará com que mais movimentações financeiras sejam feitas em seu nome. O que pode contribuir para que você tenha um score maior. E, por consequência disso, pedir para aumentar o limite do cartão de crédito.