No primeiro trimestre de 2023, o mercado brasileiro de aparelhos celulares registrou baixa de 11% em unidades vendidas. No período, foram comercializados 9,94 milhões de smartphones e feature phones, cerca de 1,24 milhão a menos do que nos mesmos meses do ano anterior. Em termos de receita, janeiro, fevereiro e março desse ano somaram cerca de R$ 15,2 bilhões, resultado 32,8% menor do que no mesmo período de 2022, quando o ticket médio dos dispositivos estava maior e as vendas foram melhores. Os dados são parte do estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q1/2023, da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.
O estudo mostra que a faixa de preço dos celulares mais vendidos no trimestre foi a de R$ 700 a R$ 999, representando 26% do total de vendas. Já em relação à conectividade, o volume de smartphones habilitados ao 5G vem crescendo rapidamente no mercado, sendo que, nos primeiros três meses do ano, teve uma alta de 31% em relação ao último trimestre de 2022. “O consumidor tem demonstrado um maior interesse em adquirir um smartphone com 5G habilitado. Entendemos que o aumento da disponibilidade desses aparelhos no mercado contribui para uma maior competitividade de preço, deixando ainda mais atrativo ao consumidor os aparelhos com esse recurso”, avalia Andréia Chopra, analista de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil.
A analista destaca que o preço ainda é fator prioritário para o consumidor, mas que as especificações do aparelho são cada vez mais levadas em consideração. “Para os consumidores que ainda não têm recursos para adquirir um smartphone, o feature phone segue como uma alternativa. Porém, observamos que esse mercado vem perdendo força a cada ano e deve se manter prioritariamente entre os consumidores que não se adaptaram ao smartphone ou que necessitam apenas das funções básicas do aparelho”, explica. Dos 9.947.195 aparelhos vendidos entre janeiro e março de 2023, 9.514.227 foram smartphones e apenas 432.968 foram feature phones. Em termos percentuais, as categorias tiveram redução de unidades vendidas, respectivamente, 10,6% e 19,32% no comparativo com o 1º trimestre de 2022.
Já o mercado cinza teve uma retração de 20,18% nas vendas nos primeiros três meses de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. “A queda no resultado do grey market foi uma situação pontual e não indica que vá se tornar tendência. Este segmento ainda deverá ter uma participação sólida no Brasil. No início desse ano, as ações promocionais tornaram mais atrativas as aquisições de um celular no mercado oficial para os potenciais compradores do mercado cinza”, revela Andréia.
No primeiro trimestre de 2023, em comparação aos mesmos meses de 2022, o preço médio dos aparelhos celulares no Brasil diminuiu 24,4%. Os feature phones passaram de R$ 151 para R$ 168, um aumento de 11,14%, enquanto os smartphones decaíram 24,9%, de R$ 2.116 para R$ 1.589. “No final do ano passado observamos os fabricantes passarem a apostar mais na venda de aparelhos acima de mil reais. Com a expectativa de que o consumidor não teria a mesma condição financeira no início de 2023, parte dos principais fabricantes optou por disponibilizar um maior volume de modelos mais baratos ou realizou promoções que contribuíram para uma redução no preço médio dos smartphones no período”, reflete a analista.
Para o segundo trimestre, a IDC Brasil prevê um resultado próximo aos primeiros três meses do ano, mas ainda assim, inferior ao mesmo período do ano anterior. “O resultado dos três primeiros meses de 2023 ficou acima das nossas expectativas e isso pode ser um indício de que parte significativa dos consumidores está mais disposta a realizar a troca ou aquisição de um novo smartphone já no segundo trimestre”, explica Andréia. A analista considera que os aparelhos habilitados com 5G terão um valor promocional ainda mais atrativo, a partir do segundo trimestre, e vão ganhar a prioridade entre os consumidores.
Já o segundo semestre de 2023 tende a ser bastante desafiador, apesar da expectativa de melhora em relação à segunda metade de 2022. “De julho a dezembro do ano passado, as vendas de smartphones alcançaram um dos piores resultados recentes. Além das implicações da alta taxa de juros e inflação ao consumidor, tivemos um período em que a proximidade entre as datas importantes do comércio – Black Friday e Natal – e a Copa do Mundo afetou diretamente as vendas de final de ano”.
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