O Brasil segue na liderança do ecossistema de fintechs da América Latina, concentrando cerca de 60% das startups financeiras da região. Com mais de US$ 10 bilhões investidos na última década, o país tem desempenhado papel de destaque no avanço de soluções digitais, dados e integração entre o tradicional e o disruptivo no setor financeiro. Foi nesse cenário que aconteceu, em São Paulo, o Fintech & Insurance 2025, um evento que reuniu cerca de três mil participantes e promoveu debates sobre o futuro do dinheiro digital no país.
Organizado pela StartSe — escola internacional de negócios com foco em inovação — o encontro foi realizado no Distrito Anhembi e contou com mais de dez horas de conteúdo dividido em dois palcos simultâneos. A programação incluiu a participação de especialistas nacionais e internacionais, executivos de grandes bancos, líderes de fintechs e investidores.
Tendências em debate: IA, tokenização e Open Finance
Os destaques do palco principal giraram em torno do avanço do Drex (versão digital do real), da tokenização da economia e da crescente adoção do Open Finance. Painéis como “Blockchain, Drex e DeFi: o que esperar em 2025” e “A descentralização dos serviços financeiros e de crédito no Brasil” contaram com a presença de nomes como Marcos Viriato (CEO da Parfin), Rafael Goulart (country manager da Pomelo), Pedro Englert (sócio da StartSe) e Marcelo Toledo (head de produtos BaaS do Itaú), entre outros representantes de empresas como Microsoft, iFood e Visa.
“Quando você descentraliza os serviços financeiros e de crédito, cria competição e coloca eficiência no processo. Quem se beneficia com isso é o usuário, que passa a ter mais informações, opções e, consequentemente, mais poder de escolha. Diante dessa nova realidade, o mercado está sendo forçado a competir em condições mais agressivas, o que impulsiona o desenvolvimento de toda a indústria. Na prática, isso é positivo para todos, porque uma economia mais pujante, com mais pessoas tendo acesso ao crédito, tende a crescer”, afirmou Englert durante o painel.
Cibersegurança em destaque no novo cenário
O crescimento das soluções digitais também levanta preocupações. O painel “Cibersegurança é a regra do jogo” trouxe Marcos Oliveira (Palo Alto Networks) e Gustavo Bodra (StartSe) para debater os desafios da proteção de dados e os riscos de um ambiente financeiro mais aberto e interconectado.
Além disso, especialistas discutiram como a inteligência artificial pode ser aplicada à gestão de riscos e prevenção de fraudes, destacando o equilíbrio necessário entre inovação e segurança.
Cases práticos e inovação com IA
Na Arena de Negócios, dedicada ao networking, foram apresentados cases de startups e empresas em áreas como autenticação por voz, marketing financeiro com creators, automação por IA e educação financeira. As abordagens priorizaram exemplos práticos e aplicáveis, reforçando a conexão entre inovação e soluções reais para o mercado.
Durante a palestra “O Futuro das fintechs e insurtechs”, Cristiano Kruel, chief innovation officer da StartSe, destacou a importância da inteligência artificial para transformar o setor. “Precisamos saber que a IA é uma forma de criar um negócio diferente”, afirmou.
Segundo ele, há três movimentos principais acontecendo dentro das empresas: o investimento em projetos estruturantes e transformadores, a incorporação da IA à cultura organizacional e o surgimento da chamada “IA de fronteira” — quando companhias desenvolvem seus próprios modelos personalizados de inteligência artificial.
“Nós, da StartSe, acreditamos muito nessas iniciativas porque entendemos que é fundamental que todos tenham letramento em IA. Além disso, as empresas também estão investindo em lideranças inovadoras com IA. E algo que era mais raro, mas que já tem ocorrido com frequência, é a IA de fronteira, uma nova classe em que as empresas criam seus próprios modelos de IA”, concluiu Kruel.