IA, Drex e Open Finance: As Novas Fronteiras do Setor Financeiro

Há aproximadamente dois meses, ocorreu a 34ª edição do Febraban Tech, o maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro, realizado entre 25 e 27 de junho em São Paulo. O evento se consolidou como um marco na jornada de transformação digital do setor financeiro brasileiro, recebendo um público recorde de 55 mil visitantes, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior.

Sob o tema central “A jornada responsável na nova Economia da IA“, o evento reuniu as principais lideranças do mercado para um debate aprofundado sobre os desafios e oportunidades da era digital, com foco na inteligência artificial (IA) como ferramenta fundamental para o futuro do setor.

IA: A Chave para o Futuro do Setor Financeiro

A inteligência artificial (IA) dominou o palco do FEBRABAN Tech 2024, consolidando-se como a chave para o futuro do setor financeiro. Dos mais de 200 painéis, mais de 100 abordaram a tecnologia, evidenciando sua importância crucial para as instituições financeiras. As discussões giraram em torno de diversas aplicações da IA, desde a personalização de serviços financeiros até a prevenção de fraudes e a otimização de processos internos, demonstrando o amplo espectro de possibilidades que essa tecnologia oferece para o setor.

No evento, foram apresentados diversos cases de sucesso de bancos que já estão utilizando a IA para impulsionar seus negócios. Foram compartilhadas lições valiosas e os ganhos substanciais que as instituições têm obtido ao incorporar essa tecnologia em seus projetos.

Diversas empresas, como Microsoft, NVIDIA, AWS, e Oracle, apresentaram seus cases e produtos baseados em IA. A Softtek, por exemplo, apresentou soluções como o DAON (sistema de onboarding digital com reconhecimento facial), o KROLL (sistema de monitoramento de segurança), soluções de IoT, Ellenton (solução de mascaramento de dados), Blue Yonder (soluções de inteligência e logística), e FRIDA (framework de RPA e IA).

A Sensedia demonstrou como IA e APIs podem impulsionar receitas de produtos financeiros, destacando o Sensedia AI Copilot, um assistente de IA que facilita a criação e o gerenciamento de APIs, além da governança e integração de apps.

Com o conceito “Put IA to work for people”, a ServiceNow apresentou oportunidades de aplicação de IA Generativa para otimizar o trabalho, incluindo a aceleração da aquisição de clientes, automatização do atendimento e melhoria dos processos de conformidade.

A Neo4j, desenvolvedora do conceito de banco de dados grafos, esteve no palco do Febraban Cases com a TAG IMF, que usou a Neo4j para gerenciamento de risco de crédito e detecção de fraudes com integração de GenAI.

Drex: A Moeda Digital Brasileira em Foco

O Febraban Tech também dedicou atenção ao Drex, a moeda digital brasileira em desenvolvimento pelo Banco Central. Diversos painéis discutiram como os bancos estão se preparando para explorar a nova moeda digital, suas vantagens diante do cenário internacional e como alcançar a inclusão que o Drex pode proporcionar.

Especialistas e representantes de instituições financeiras se reuniram em painéis dedicados ao Drex para discutir as estratégias de implementação da nova moeda digital em seus sistemas e serviços. As discussões giraram em torno de temas como:

  • Adaptação da infraestrutura tecnológica: Como os bancos estão investindo na modernização de seus sistemas para garantir a segurança, confiabilidade e escalabilidade das transações com o Drex.
  • Desenvolvimento de novos produtos e serviços: O Drex abre um leque de possibilidades para a criação de produtos inovadores, como contas digitais, cartões pré-pagos e soluções de pagamento para o comércio eletrônico.
  • Educação financeira e inclusão: A implementação do Drex deve ser acompanhada por iniciativas de educação financeira para garantir que toda a população brasileira tenha acesso e saiba como utilizar a nova moeda digital de forma segura e eficiente.

Os participantes dos painéis também destacaram diversas vantagens que o Drex oferece para o setor financeiro brasileiro, como:

  • Maior agilidade e eficiência nas transações: O Drex promete reduzir custos e tempo de processamento de pagamentos, impulsionando a competitividade do setor.
  • Transações mais seguras e transparentes: A tecnologia blockchain garante a segurança e a rastreabilidade das transações com o Drex, combatendo fraudes e lavagem de dinheiro.
  • Promoção da inovação: A adoção do Drex abre caminho para o desenvolvimento de novos produtos, serviços e modelos de negócios no setor financeiro.

Tokenização: Transformando Ativos Tradicionais em Tokens Digitais

A tokenização de ativos também foi um tema em destaque no evento. As discussões giraram em torno das possibilidades que essa tecnologia oferece para tornar ativos tradicionais, como imóveis, arte, ações e commodities, mais líquidos, acessíveis e eficientes.

Durante o evento, tivemos a oportunidade de conversar com Fulvio Xavier, Diretor de Finanças Digitais da Capgemini Brasil, que destacou o surgimento de modelos de negócios inovadores a partir da evolução das regulações do mercado e o aumento dos milionários digitais:

A Tokenização de Créditos de Carbono, por exemplo, já foi iniciada no Brasil e segue a tendência global de “Real World Asset”, que é a transformação de qualquer tipo de ativo do mundo físico em tokens, como imóveis, automóveis e muitos outros ativos.

Com a transferência da riqueza para a mão dos milionários digitais, surgiram os novos modelos de Plataformas de Custódia, uma nova estrutura de segurança criada pelas instituições financeiras especialmente para os criptoativos.

Especialistas e representantes de empresas de tokenização abordaram em painéis específicos os benefícios e as aplicações práticas da tokenização:

  • Fracionamento de ativos: A tokenização permite dividir ativos em partes menores, democratizando o acesso a investimentos que antes eram inacessíveis para a maioria dos investidores.
  • Maior liquidez: Tokens digitais podem ser facilmente negociados em plataformas online, aumentando a liquidez dos ativos e facilitando a compra e venda.
  • Redução de custos: A tokenização elimina intermediários e burocracias desnecessárias, reduzindo os custos de transação e tornando os investimentos mais acessíveis.
  • Novos modelos de negócios: A tokenização abre caminho para o desenvolvimento de novos modelos de investimento, como crowdfunding e tokenização de fluxos de receita.

Segurança e Governança: Alicerces para a Confiança na Tokenização

Para garantir a segurança e a confiabilidade das transações com tokens, especialistas destacaram a importância de uma regulamentação adequada, com marcos regulatórios claros; custódia segura, que possibilitem que tokens possam ser armazenados e protegidos contra perdas e acessos não autorizados; transparência e governança.

Open Finance e Jornada do Cliente: O Futuro Centrado na Experiência

O FEBRABAN Tech 2024 dedicou grande atenção ao Open Finance e à Jornada do Cliente, temas que se entrelaçam na construção de um futuro financeiro centrado na experiência do cliente.

Open Finance: Um Novo Ecossistema de Serviços Financeiros

O Open Finance, sistema que permite o compartilhamento de dados entre instituições financeiras com o consentimento do cliente, foi um dos destaques do evento. Diversos painéis abordaram as oportunidades que essa iniciativa abre para o setor, como:

  • Desenvolvimento de produtos e serviços inovadores: Com acesso a um conjunto mais amplo de dados, as instituições podem criar produtos e serviços personalizados que atendam às necessidades específicas de cada cliente.
  • Personalização da experiência do cliente: Através da análise de dados, as instituições podem oferecer ofertas personalizadas, além de aprimorar a comunicação e o atendimento ao cliente.
  • Criação de novos modelos de negócios: O Open Finance abre caminho para a criação de novos modelos de negócios, como plataformas de comparação de produtos financeiros e serviços de gestão financeira.

A jornada do cliente também foi um tema central do Febraban Tech 2024. As discussões giraram em torno de como as instituições financeiras podem utilizar dados, inteligência artificial e outras tecnologias para oferecer uma experiência personalizada e impecável aos seus clientes, desde a abertura de conta até o uso de produtos e serviços. A análise de dados do cliente, por exemplo, permite às instituições entender suas necessidades, preferências e comportamentos, possibilitando a oferta de produtos e serviços personalizados e relevantes, enquanto a inteligência artificial pode ser utilizada para automatizar tarefas repetitivas, oferecer suporte ao cliente em tempo real e detectar fraudes, proporcionando uma experiência mais rápida, eficiente e segura.

Prevenção à Fraudes e Cibersegurança: Blindando o Sistema Financeiro contra Ameaças Evolutivas

A prevenção à fraudes e a cibersegurança são desafios constantes para o setor financeiro. O Febraban Tech dedicou atenção especial a esses temas, pois, em um ambiente digital cada vez mais complexo e interconectado, proteger sistemas, dados e clientes contra ataques sofisticados se torna uma responsabilidade imperativa para as instituições financeiras.

Durante o evento, especialistas em segurança cibernética e representantes de instituições financeiras se reuniram em painéis para discutir as principais tendências e tecnologias que estão transformando a prevenção à fraude e cibersegurança no setor, como:

  • Analytics avançada: A análise de grandes volumes de dados de transações, comportamentos e padrões de fraude permite identificar anomalias e atividades suspeitas em tempo real, possibilitando ações imediatas para bloquear fraudes.
  • Inteligência artificial e machine learning: Algoritmos inteligentes aprendem com os dados históricos de fraudes para identificar novos padrões e prever ataques futuros, tornando a prevenção à fraude mais proativa e eficaz.
  • Biometria e autenticação multifator: A utilização de biometria facial, digital e outras tecnologias de autenticação robusta dificulta o acesso não autorizado a contas e sistemas, reduzindo o risco de fraudes.
  • Educação e conscientização do cliente: Campanhas de conscientização sobre os riscos de fraudes e as melhores práticas de segurança online são essenciais para proteger os clientes e reduzir sua vulnerabilidade a ataques.
  • Defesa em camadas: A implementação de múltiplas camadas de segurança, como firewalls, sistemas de detecção de intrusão e soluções de criptografia, cria uma barreira robusta contra ataques cibernéticos.
  • Monitoramento constante e resposta a incidentes: O monitoramento contínuo dos sistemas e redes permite identificar e responder a incidentes de segurança de forma rápida e eficaz, minimizando o impacto dos ataques.
  • Testes de penetração e avaliações de segurança: A realização regular de testes de penetração e avaliações de segurança ajuda a identificar vulnerabilidades nos sistemas e tomar medidas para corrigi-las antes que sejam exploradas por hackers.
  • Cultura de segurança cibernética: A promoção de uma cultura de segurança cibernética dentro da organização, com treinamentos e conscientização para os funcionários, é fundamental para prevenir ataques e minimizar o risco de erros humanos.

A Teletex foi uma das empresas que levaram ao evento soluções tecnológicas que visam apoiar as organizações e empresas rumo à Transformação Digital, aproveitando o evento para lançar a marca Cybercare, uma nova estratégia de Segurança Cibernética que nasceu com o objetivo de ampliar e reforçar o foco neste tema dentro do portfólio de soluções da companhia. Sob uma plataforma única de soluções, serviços gerenciados e SOC, a Cybercare reunirá todas as soluções de segurança de fabricantes parceiros da Teletex, como Cisco, Splunk, IBM, Tenable, Radware, Forcepoint, dentre outros.

A Thales, especialista em tecnologias avançadas, e a First Tech, parceira na implementação de soluções de segurança HSM (Hardware Security Module) na nuvem, apresentaram a solução Cloud HSM, que transforma infraestruturas de pagamento com segurança robusta e eficiente. Juntas, as empresas protegem 80% dos pagamentos em todo o mundo. A Thales também destacou a solução D1, a mais moderna plataforma de gestão de cartões digitais e físicos do mercado, bem como seus cartões de pagamento inovadores, incluindo cartões metálicos, biométricos e de voz.

Com quatro décadas de atuação e especializada em proteção de redes, segurança da informação e gerenciamento integrado de riscos, a Compugraf apresentou durante o Febraban Tech suas soluções lançadas recentemente. Entre as novas tecnologias, destacou o SOC (Security Operations Center), que utiliza Inteligência Artificial e Machine Learning para trazer ao setor uma nova geração de detecção e respostas a ameaças digitais.

Referência em soluções antifraude, a ClearSale lançou durante o evento sua nova solução denominada “Autenticação Segura”, uma proposta que reúne um portfólio completo para a jornada digital no mercado financeiro.

Segurança Patrimonial

A segurança física e patrimonial também teve destaque, com empresas como a Intelbras apresentando suas principais soluções com foco no setor bancário, como plataformas de segurança robustas e modernas, com facilidades para auxiliar no processo de monitoramento, controle de acessos e alarmes. Já a Prosegur apresentou seus dois últimos lançamentos frente às transformações sociais no país. A primeira novidade é o Cash Today Saque, uma solução que permite que qualquer pessoa com uma chave Pix cadastrada em instituição financeira faça saque de dinheiro em espécie de maneira rápida, simples e segura. A transação ocorre por meio de um modelo de cofre inteligente da Prosegur Cash, instalado no comércio.

Além disso, a companhia apresentou seus serviços para a gestão de ativos digitais. Em 2024, a Prosegur Cash instalou, em São Paulo, o primeiro bunker para a custódia de criptoativos em carteira fria da companhia no mundo, destinado ao atendimento de clientes em toda a América Latina.

A 34ª edição do Febraban Tech consolidou o evento como o principal fórum de discussão sobre as tendências e desafios do setor financeiro brasileiro. A inteligência artificial, o Drex e o Open Finance foram os protagonistas do evento, demonstrando o potencial dessas tecnologias para transformar a forma como interagimos com o dinheiro. O futuro do setor financeiro é promissor, e as instituições que investirem em inovação e tecnologia sairão na frente.


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