Mês do Empreendedorismo Feminino: CEOs revelam como driblaram desafios e alçaram novos voos no mercado de trabalho

Novembro é lembrado como o Mês Mundial do Empreendedorismo Feminino, com o intuito de celebrar o impacto que as mulheres têm promovido no cenário empreendedor. A data, que oficialmente foi comemorada no último dia 19, surge como uma necessidade de reconhecimento global das realizações das mulheres no mundo corporativo e também acompanha o aumento da participação em cargos de liderança, que cresceu de 13% para 17% entre 2019 e 2022, segundo dados do Insper e do Talenses Group.

Embora a presença das executivas também tenha aumentado nos cargos de vice-presidência, passando de 23% para 34%, e nos conselhos, subindo de 16% para 21%, ainda há muito a ser conquistado. Conheça cinco mulheres que, apesar dos desafios, fazem parte dessas estatísticas e ocupam cargos de liderança como CEO em empresas de diversos segmentos:

Marcela Quint, CEO da Aurum

A executiva iniciou sua jornada na Aurum, startup que utiliza tecnologia para auxiliar advogados, escritórios e departamentos jurídicos, como Designer da Experiência do Usuário. Com o passar do tempo, assumiu a área de Marketing e se desenvolveu até se tornar sócia e participar da aquisição da empresa pelo grupo Vela, em 2019. Ao longo dos últimos 12 anos, tem sido responsável por impactar mais de 90 mil advogados com os serviços da marca. Para assumir o cargo, passou por um período de transição e enfrentou alguns desafios.

“Acredito que os principais desafios foram muito parecidos com qualquer mudança de posição, na verdade. Trabalhar com pessoas novas e desenvolver uma relação de confiança. Aprender sobre novas áreas, novos KPIs e desenvolver um olhar mais apurado para tomada de decisão. Desenvolver uma nova rotina que equilibre reuniões, estudos e tempo livre também foram pontos importantes para mim”, relata.

Para a executiva, o principal obstáculo para as mulheres é a falta de representatividade. “Como é raro ver mulheres na liderança, o “modo automático” é continuar não havendo mulheres. Os líderes homens continuam dando a oportunidade para outros líderes homens e as mulheres continuam não ocupando esses lugares e não percebendo ser possível estar lá”, conclui. Em sua gestão, a legaltech atingiu 52% de presença feminina, e 57% da liderança total da empresa é composta por mulheres.

Giselle Freire, CEO e diretora de contas da DreamOne

Giselle, começou a empreender muito nova, e tinha 25 anos quando fundou a DreamOne, agência de marketing integrado on demand. Conquistar o respeito e a confiança sendo mulher e jovem em um meio masculino foi um grande desafio, ainda mais porque, na época, existiam poucas mulheres em cargos de liderança.

“Foi um caminho longo, precisei me impor várias vezes e só comecei a ser vista e respeitada quando o resultado do trabalho da agência foi sendo reconhecido”, afirma.

Hoje, a CEO revela que o mercado está um pouco mais aberto às demandas de igualdade de gênero, mas ainda precisamos avançar muito quando se trata de remuneração e cargos de liderança. A executiva tem o cuidado de abrir caminho para as novas gerações dentro da agência, de modo que não tenham que enfrentar os mesmos desafios que ela precisou superar.

Atualmente, a DreamOne atende clientes como Microsoft, Tintas Eucatex, Rede Santa Catarina e Banco Hyundai, e conta com 54% de mulheres no quadro de colaboradores, sendo que 34% delas ocupam cargos de gerência e diretoria, um índice consideravelmente acima da média de mercado.

Camila M. Costa, sócia e CEO da iD\TBWA

Camila iniciou sua carreira ainda no offline, em Salvador, mas foi em São Paulo que enfrentou o desafio de expandir uma agência de ativação para um mercado maior, mais complexo e competitivo. Imersa no mundo digital desde a era do Orkut, adquiriu experiência em plataformas digitais, tecnologia e mídia. Atualmente, há 10 anos à frente da iD\TBWA, como CEO, Camila lidera uma agência que integra dados, criatividade e inovação para desenvolver plataformas de crescimento para seus clientes. Com mais de 20 anos de experiência, a profissional de Comunicação e Marketing construiu uma jornada sólida e abrangente na publicidade.

Para a executiva, empreender em negócios já existentes traz um desafio incremental de provocar o status quo e transformar e redefinir uma visão. “Nesse contexto, posso dizer que meu maior desafio como empreendedora, quando assumi a iD\, foi criar uma nova estratégia de transformação e crescimento sem deixar cair o que já estava estabelecido. Conseguir a confiança e o engajamento de diversos stakeholders (clientes, times, liderança, acionistas e parceiros), entregando resultado no curto prazo, e enquanto investimos em criar diferenciação para o futuro, é o empreender diário”, afirma.

À frente de uma agência com 200 colaboradores, sendo 28 mulheres diretoras, a executiva desafia sempre as empresas a refletirem se estão criando obstáculos ou oportunidades nas seguintes frentes: vieses de gênero, equiparidade salarial, modelos femininos em posições de liderança a fim de inspiração, opções para conciliar trabalho e vida pessoal e oportunidades de desenvolvimento.

Silvana Torres, fundadora e presidente da Mark Up

Formada em engenharia civil, migrou para o marketing e, depois de um tempo atuando no universo de agências, entendeu que poderia trazer seu aprendizado para executar sob uma ótica mais estratégica as demandas dos clientes. Foi assim que Silvana Torres montou o business plan da própria empresa e, em 1994 fundou a Mark Up, uma das principais referências em inteligência voltada à consultoria de negócios no Brasil. A companhia utiliza metodologia proprietária, nomeada de Construtoria Estratégica, que alia estratégias data driven de uma consultoria a execuções assertivas e criativas de uma agência.

Envolvida desde 2015 com a temática feminina, Silvana fundou e presidiu o Comitê Women Empowerment da AMPRO, uma plataforma de executivas que busca contribuir para o crescimento e desenvolvimento profissional do gênero na área de Live Marketing. A capacitação de talentos femininos faz parte de sua jornada. “Também participei do programa Winning Women da EY, que proporciona às mulheres uma oportunidade de aperfeiçoar conhecimentos essenciais ao mundo dos negócios por meio de mentoria”, conta.

Segundo a CEO, o mercado apresenta diversos desafios e é preciso equiparar salários, estimular a contratação de mulheres e colocá-las em posição de liderança. E é justamente essa realidade que Silvana coloca em prática na Mark Up. Ainda sobre dificuldades, a executiva traz um ponto de atenção para o fato de que as mulheres ainda são as principais responsáveis por tarefas domésticas e o cuidado com a família “Elas seguem acumulando papéis, mesmo quando estão inseridas de maneira bem-sucedida no mercado de trabalho”, conclui.

Marcela Bianchin, fundadora e CEO da Vogel Health

Antes de se tornar empreendedora e ocupar o cargo de CEO da Vogel Health, agência especializada em publicidade healthcare, Marcela Bianchin atuou em diversas áreas da comunicação. Foi locutora de rádio, trabalhou com comunicação interna, comunicação externa e atendimento de contas. “No MBA e com o networking que construí nessa jornada, decidi me especializar na indústria farmacêutica e, a partir disso, assumi a missão de tornar a Vogel Health referência em propagandas no segmento healthcare”, relata.

Somando mais de 16 anos de experiência em comunicação e propaganda médica, foi em 2007 que, com mais dois sócios, fundou a Vogel Health. Hoje, a executiva é responsável por compor campanhas com jornadas de comunicação criativas e um storytelling totalmente personalizado para grandes nomes do setor de saúde, como Abbott, Libbs, Eurofarma, Danone, Apsen, Aché e EMS.

Ir além do convencional e transformar ideias em realidade é um dos propósitos da CEO, e foi isso que a motivou a enfrentar os desafios impostos pelo mercado. “Para mim, o futuro é moldado por pessoas dedicadas e persistentes. A determinação em fazer a diferença é o que me impulsiona e não há meio-termo: ou você faz ou não faz”, conclui.

Thalita Gelenske, fundadora e CEO da Blend Edu

Com mais de 11 anos de experiência na área de gestão da diversidade e cultura organizacional, sendo referência nas temáticas de gestão estratégica de pessoas e gestão de projetos sociais, a CEO da Blend Edu, principal HRtech e ESGtech especializada em diversidade e inclusão do Brasil, como qualquer mulher que decide empreender, precisou enfrentar desafios, principalmente por ser lésbica. “Como mulher lésbica, entendo que existem barreiras a serem superadas no mercado de trabalho. Empreender não é uma tarefa fácil, mas os obstáculos só aumentam quando somos mulheres ou pertencentes a outros grupos historicamente discriminados. Um exemplo disso é a estatística destacada em um artigo do INSEAD, que reforça que apenas 2,3% do montante total do capital de risco (131 bilhões de dólares nos Estados Unidos em 2018) é direcionado para negócios liderados por mulheres”, reforça Thalita.

Como mulher lésbica, segundo Thalita, a falta de segurança psicológica e inclusão do mercado a motivou a empreender a favor da diversidade, e hoje, o que era um propósito único, tornou-se algo coletivo “Hoje, a Blend Edu atinge milhões de pessoas, mais de 100 empresas já passaram por aqui e mais de 40 mil pessoas já foram impactadas com esse objetivo. Além disso, a Blend Edu foi selecionada como uma das Startups Mais Diversas To Watch”.

Thalita foi selecionada como uma das top 25 HR Influencers do Brasil, em 2019, listada na Forbes Under 30 na categoria Terceiro Setor e Empreendedorismo Social, selecionada pelo Fórum Econômico Mundial para representar a juventude brasileira durante o Encontro Anual, em Davos, reconhecida como a Valuable Young Leader nº1 pela Harvard Business Review Brasil, linkedin creator e Top Voice Orgulho 2023.


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