Com o avanço da conectividade no Brasil — presente em 85% dos domicílios urbanos e 74% dos rurais, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2024 — o acesso à internet por crianças e adolescentes se tornou parte do cotidiano. No entanto, essa presença digital precoce vem acompanhada de riscos cada vez mais complexos, como cyberbullying, assédio, roubo de identidade e exposição a conteúdos impróprios.
Apesar das políticas das plataformas que proíbem o acesso de menores de idade, a ausência de auditoria eficaz permite que muitos jovens naveguem livremente por ambientes que não foram projetados para eles.
Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, 29% dos jovens já sofreram ofensas online e 30% conversaram com desconhecidos na internet. A SaferNet Brasil, por sua vez, recebeu mais de 100 mil denúncias de crimes cibernéticos em 2024, sendo 52.999 relacionadas à exploração sexual infantil. Embora esse número represente uma queda de 33% em relação a 2023, especialistas alertam que a migração para aplicativos de mensagens dificulta a identificação de crimes e aumenta os riscos.
A percepção da sociedade
Um levantamento realizado pelo Instituto Alana em parceria com o Datafolha, divulgado em setembro de 2024, reforça a preocupação da sociedade:
- 93% dos brasileiros acreditam que crianças estão viciadas em redes sociais
- 92% consideram que os jovens não conseguem se proteger sozinhos
- 90% afirmam que as plataformas não fazem o suficiente para protegê-los
Essa percepção reflete um cenário em que a responsabilidade pela segurança digital infantil recai cada vez mais sobre famílias, escolas e instituições.
“Hoje, nossas crianças não apenas crescem conectadas, elas também enfrentam ameaças que não existiam há alguns anos. Essa realidade exige que famílias estejam preparadas para orientar, monitorar e proteger os mais jovens com recursos, escuta ativa e regras claras de convivência digital,” destaca Paulo Bonucci, Vice-Presidente LATAM da Cipher.
Cartilha de proteção digital infantil
Para apoiar pais, educadores e jovens, a Cipher — unidade de cibersegurança do Grupo Prosegur — lançou uma cartilha com orientações práticas para fortalecer a proteção digital desde cedo. As recomendações incluem:
Para pais e educadores:
- Estabelecer diálogo constante sobre o uso da internet
- Ativar controles parentais adequados à idade
- Acompanhar conteúdos, jogos e aplicativos utilizados
- Ensinar sobre senhas seguras e autenticação em dois fatores
- Incentivar momentos offline em família
- Participar de ações de conscientização sobre cibersegurança
Para crianças e adolescentes:
- Identificar mensagens suspeitas e não compartilhar dados pessoais
- Usar senhas fortes e manter perfis privados
- Evitar contato com desconhecidos
- Avisar adultos em casos de assédio ou cyberbullying
- Lembrar que regras da vida real também valem no ambiente digital
O papel das empresas
Além do ambiente doméstico e escolar, o setor corporativo também precisa estar atento. Um estudo da EY revela que 75% das empresas na América Latina sofreram ao menos um incidente de cibersegurança nos últimos 12 meses, evidenciando que os riscos digitais são transversais e exigem uma abordagem integrada.
“A cibersegurança começa muito antes da tecnologia. Ela se constrói com educação, diálogo e consciência. Precisamos formar cidadãos digitais desde cedo. A informação é o primeiro passo para transformar risco em proteção,” reforça Bonucci.
