O BeReal é uma rede social segura? Especialista da Avast dá conselhos aos usuários

O BeReal ganhou grande popularidade, ultimamente, no Brasil e em todo o mundo. O número de downloads cresceu tremendamente em setembro, em comparação com o início deste ano (880349.17% no Brasil), de acordo com a Sensor Tower. Os usuários do BeReal são solicitados a tirar uma foto sem filtro, em qualquer situação em que se encontrem no momento: quando notificados pelo aplicativo, os usuários têm dois minutos para tirar uma foto com a câmera frontal e traseira e compartilhá-la. Jeff Williams, Head Global de Segurança da Avast, explica os riscos de privacidade do BeReal e compartilha dicas para usá-lo com mais segurança.

“O BeReal, como a maioria das redes sociais, traz uma variedade de divulgação de informações e outros riscos – alguns dos quais não são óbvios, sem uma leitura cuidadosa e compreensão dos termos do serviço, política de privacidade e outros documentos. Os usuários casuais do serviço, sem uma revisão tão detalhada, podem facilmente fornecer mais informações do que pretendem compartilhar”, diz Jeff Williams.

Jeff Williams identificou uma lista de possíveis problemas de privacidade do aplicativo BeReal:

  • O aplicativo tem o direito de usar as fotos dos usuários por até 30 anos. A plataforma tem 30 anos para reutilizar as fotos dos usuários, da maneira que quiser. Isso significa campanhas publicitárias, material promocional, vídeos, compilações ou qualquer outra coisa.

“Trinta anos é uma eternidade no tempo da internet e abrange potencialmente mais de 60% dos anos da carreira de alguém. Parece uma concessão de direitos especialmente longa, com permissões de uso excepcionalmente amplas”, diz Jeff Williams.

  • Revelar algo que as pessoas não queriam mostrar. No BeReal é muito fácil compartilhar informações que identificam os usuários (como localização), informações pessoais (como o interior de uma sala) ou mesmo informações privadas (como um quadro com dados do trabalho), que também podem ser expostas em outros aplicativos. No entanto, a pressão do tempo, a falta de edição e filtragem, e a opção “excluir” oculta tornam os usuários mais propensos a compartilhar coisas que não compartilhariam de outra forma.

“Como o serviço se concentra em fotos espontâneas, tiradas rapidamente por meio de uma notificação, a oportunidade de considerar os impactos é bastante curta, a ponto de a maioria dos usuários provavelmente não ter a chance de tomar uma decisão totalmente informada”, continua Jeff Williams. “O aplicativo pressiona as pessoas a tirar uma foto e compartilhá-la imediatamente, dentro de dois minutos após a solicitação.”

  • Falta moderação de conteúdo. O BeReal parece evitar qualquer responsabilidade pelos conteúdos publicados no aplicativo, autodenominando-se “empresa de hospedagem”. Isso significa que eles fornecem apenas uma plataforma para outros usarem. Discurso de ódio, materiais de abuso sexual infantil e outros conteúdos impróprios podem se espalhar facilmente, sem qualquer moderação.
  • A geolocalização não é desativada automaticamente. Enquanto os aplicativos como o Instagram, agora, têm a geolocalização desabilitada por padrão, o BeReal faz o contrário. Ao postar uma foto, os usuários são solicitados a ativar ou desativar a geolocalização e também a determinar se querem compartilhá-la com toda a comunidade BeReal ou apenas com o seu círculo de amigos.
  • O aplicativo permite cookies de terceiros. Assim como o Facebook, Instagram e outras redes sociais, o BeReal usa cookies de terceiros. Isso significa que a atividade das pessoas é rastreada pelos anunciantes, para exibir anúncios personalizados. Esse tipo de dados de rastreamento tornou-se algo normal para muitos na internet, mas tem o potencial de ser invasivo.

Jeff Williams compartilha as seguintes dicas, que os usuários podem seguir para usar o BeReal com mais segurança:

  • Leia e entenda os termos de serviço, política de privacidade e outros documentos. Os usuários casuais do serviço, sem essa revisão detalhada, podem facilmente fornecer mais informações do que pretendem compartilhar. Portanto, é importante dedicar um tempo para entender quais direitos os aplicativos que usamos têm e considerar como eles podem afetar a nossa privacidade.
  • Tenha cuidado ao compartilhar informações confidenciais. O aplicativo usa as câmeras frontal e traseira para capturar a atividade do momento, não importa o que ou quem está em segundo plano. Esse modelo pode levar ao compartilhamento de informações confidenciais ou à invasão da privacidade das pessoas, que não optaram pelo serviço. A pressão do tempo também pode levar ao compartilhamento de um momento pessoal com repercussões negativas no futuro, ou metadados que expõem o local exato.
  • Pondere a longa concessão de direitos às fotos do usuário. O risco de ter as imagens na internet são ainda maiores na plataforma do BeReal, pois de acordo com seus termos de serviço, o aplicativo tem até 30 anos para reutilizar a foto da forma que quiser. Os usuários devem lembrar que os seus momentos mais comprometedores, constrangedores ou privados podem ser aproveitados pela empresa.
  • Considere desativar a geolocalização. Recomendamos fortemente que os usuários desativem a geolocalização, principalmente ao compartilhar fotos na seção “Descoberta”, que mostra fotos para os usuários fora do seu grupo de amigos e pode ser acessada por qualquer pessoa no aplicativo. Uma localização em tempo real pode ser facilmente usada indevidamente para assédio ou a criação de um perfil falso.

“Em última análise, o BeReal tem muitos dos mesmos problemas de privacidade que acometem as redes sociais desde o início, então cabe a cada um de nós decidir o quão importante a privacidade online é para si”, conclui Jeff Williams.


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