Toda menina tem seu sonho. Algumas sonham em ser princesa. Outras ainda não decidiram o futuro, mas já sabem que, se quiserem, podem ser grandes cientistas e inventoras. É o caso de Anahy Beatriz Cardeal Brilhante e Samyra Kethere Lima Sandola, alunas do 5º ano da EMEF Vinícius Moraes, de Lucas do Rio Verde – MT. Incentivadas pela escola, elas criaram um projeto de robótica para medir e alertar sobre os níveis de ruído na sala de aula e foram vice-campeãs da América Latina na categoria Protótipo de Papel de 8 a 14 anos do Do Your:bit, competição global organizada pela micro:bit Educational Foundation em parceria com a British Council e World’s Largest Lesson que desafia crianças e jovens a combinarem criatividade e tecnologia e apresentarem soluções para um problema atual que afete sua comunidade ou o mundo.
Mais de dois mil projetos foram inscritos, de seis continentes, todos propondo o uso de tecnologia e soluções originais para problemas relacionados ao meio ambiente, à vida na Terra, à saúde e o bem estar pessoal, entre outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Os vencedores foram reconhecidos por região em duas categorias de idade, 8 a 14 anos e 15 a 18 anos.
“Fiquei surpresa quando soube do resultado, devido ao fato de serem só seis vagas por categoria, no mundo todo. Foi muita emoção. Vai marcar para sempre as nossas vidas e, principalmente, das crianças”, disse a professora Kátia Cantão Mundim que, ao lado da também professora Facione Leite Borges, iniciou as alunas Anahy e Samyra no mundo da robótica.
Tudo começou em 2021, com um projeto piloto utilizando kits da LEGO EDUCATION, e ganhou corpo este ano, quando a EMEF Vinícius Moraes foi a única escola do Mato Grosso selecionada para o Estrogênias: Meninas na Ciência, projeto do Educacional que tem como objetivo incentivar a participação das meninas nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A escola foi contemplada com conjuntos LEGO Education e placas micro:bit, formação de professores, acompanhamento e participação na FIRST LEGO League, além de vaga para disputar o desafio internacional do your:bit.
Diante dessa oportunidade e já conhecendo as funcionalidades do micro:bit, Anahy e Samyra identificaram como utilizar a programação e a robótica para resolver o problema de um colega de classe com TEA (Transtorno de Aspecto Autista) e que ficava agitado quando a turma fazia muito barulho. “Elas perceberam que poderiam utilizar a micro:bit para medir o nível de intensidade sonora durante as aulas e, assim, alertar a turma para diminuir o tom de voz”, conta a professora Kátia.
Para a professora Facione, foi uma satisfação participar do projeto. “Me sinto realizada por poder acompanhar e auxiliar as alunas e ver o quão sensíveis elas são, pois identificar um problema como esse, e buscar uma solução, demonstra a preocupação que elas têm com o meio onde vivem e com o próximo”, ressaltou
Evitando Ruídos: o projeto que fez barulho no Do Your:bit
Quais as contribuições que a implantação de um sensor sonoro, que detecte o volume do som na escola, pode trazer para a qualidade de vida ou bem estar dos estudantes com TEA no ambiente escolar? Esse foi o ponto de partida para a criação do protótipo utilizando a placa de micro:bit com sensor medidor de som que impressionou os jurados do Do Your:bit pela inovação e criatividade.
Chamado “Evitando Ruídos”, o protótipo mede o som no ambiente e, por meio de um painel de led, emite um alerta vermelho quando os decibéis permitidos são ultrapassados. Com esse medidor sonoro na escola, é possível tornar o ambiente mais agradável, evitando danos à saúde e à aprendizagem, principalmente dos alunos diagnosticados com Transtorno de Aspecto Autista.
“Achamos muito legal a experiência e estamos felizes com o resultado. Esperamos que o nosso projeto traga mudanças e um ambiente escolar melhor para todos nós”, afirmaram as alunas Anahy e Samyra.
Micro:bit
Desenvolvido pela BBC do Reino Unido especialmente para a educação, micro:bit é uma placa programável que tem como objetivos facilitar o ensino da robótica e da programação, inspirar as crianças a integrarem o mundo do pensamento computacional e formar uma nova geração de inovadores. Pronta para ser usada, ela dispensa qualquer outro equipamento para funcionar. Tem interface USB, bateria externa, display com 25 LEDs que permite programação individual, se comunica com outros dispositivos por Bluetooth e permite a comunicação entre vários usuários de micro:bits via rádio, possibilitando a interação e até mesmo a criação de jogos.
No Brasil, o parceiro da micro:bit Educational Foundation, responsável pela oferta e popularização da placa micro:bit nas escolas públicas e privadas, é o Educacional. Também é do Educacional o projeto Estrogênias – Meninas na Ciência.